Vaticano, Jan 25, 2022 / 15:54 pm
O papa Francisco presidiu hoje, 25 de janeiro, a tradicional oração das vésperas na basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, por ocasião da festa da Conversão de São Paulo e da conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e destacou o testemunho de esperança dos cristãos no Oriente Médio.
Francisco destacou que "aqueles nossos irmãos e irmãs enfrentam tantos desafios difíceis e, no entanto, com o seu testemunho, dão-nos esperança: lembram-nos que a estrela de Cristo resplandece nas trevas e não conhece ocaso".
Este testemunho, continuou, mostra-nos "que, do Alto, o Senhor acompanha e anima os nossos passos. Ao redor d'Ele no Céu brilham, juntos e sem distinções de confissão, inúmeros mártires; estes indicam-nos na terra um caminho concreto: o da unidade!"
No início da celebração, Francisco rezou em silêncio no túmulo de são Paulo acompanhado pelo presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, e de dois representantes de outras confissões cristãs: o metropolita ortodoxo Polykarpos Stavropoulos, do patriarcado ecumênico da Itália e Malta; e o bispo anglicano Ian Ernest, representante pessoal do arcebispo da Cantuária junto à Santa Sé.
Depois da oração das vésperas cantada por um coro de monges beneditinos e pelo coro da Capela Sistina, o papa fez uma homilia baseada no tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2022: "Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo".
Francisco convidou a caminhar juntos "apoiando-nos mutuamente, como fizeram os Magos", porque "o Senhor deseja que confiemos uns nos outros e caminhemos juntos, não obstante as nossas fraquezas e pecados, apesar dos erros do passado e das feridas mútuas."
"Sigamos também nós a estrela de Jesus", disse o papa. "Não nos deixemos distrair pelos fulgores do mundo, estrelas cintilantes, mas cadentes".
"Não sigamos as modas passageiras, meteoros que se apagam; não cedamos à tentação de brilhar com luz própria, ou seja, de nos fechar no nosso grupo para nos autoconservarmos", exortou.
"Que o nosso olhar esteja fixo em Cristo, no Céu, na estrela de Jesus. Sigamos a Ele, ao seu Evangelho, ao seu convite à unidade, sem nos preocuparmos de quão longa e cansativa possa ser a viagem para a alcançar plenamente", disse.
Para isso, o papa convidou a pedir ao Senhor "a coragem da humildade, único caminho para chegar a adorar a Deus na mesma casa, ao redor do mesmo altar" e lamentou "quantas vezes o orgulho foi o verdadeiro obstáculo à comunhão! Os Magos tiveram a coragem de deixar em casa prestígio e reputação, para se abaixarem na pobre casinha de Belém; assim descobriram uma 'imensa alegria'", disse.
O papa também refletiu sobre o significado dos presentes que os Magos deram ao Menino Jesus, que "simbolizam aquilo que o Senhor deseja receber de nós".
Em primeiro lugar, o papa disse que "a Deus deve ser dado o ouro, o elemento mais precioso, porque Deus está em primeiro lugar".
"É para Ele que é preciso olhar, não para nós; para a sua vontade, não a nossa; para os seus caminhos, não para os nossos. Se verdadeiramente temos o Senhor no primeiro lugar, então as nossas opções – mesmo eclesiásticas – não mais se podem basear nas políticas do mundo, mas nos desejos de Deus."
Segundo o papa, o incenso serve "para recordar a importância da oração, que se eleva para Deus como perfume de agradável odor. Não nos cansemos de rezar uns pelos outros e uns com os outros".
"A mirra, que será usada para venerar o corpo de Jesus descido da cruz, remete-nos para o cuidado da carne sofredora do Senhor, dilacerada nos membros dos pobres. Sirvamos os necessitados, juntos sirvamos a Jesus que sofre", acrescentou Francisco.
O papa destacou que este ano o subsídio de oração foi preparado pelo Conselho das Igrejas do Oriente Médio, região que "leva-nos a pensar também nos cristãos que lá habitam em várias regiões devastadas pela guerra e a violência " e destacou o seu testemunho de ter esperança.
Depois da oração das vésperas, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, disse que, assim como "os Magos do Oriente partiram e seguiram a estrela que anunciava o nascimento do Senhor", nós cristãos "compartilhamos e professamos a crença comum de que a verdadeira luz brilhou em Jesus Cristo".
"Da mesma forma, os cristãos também podemos avançar no caminho da unidade se não seguirmos nossas próprias 'estrelas pessoais', mas nos voltarmos juntos para a luz que nos foi dada em Jesus Cristo".
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