19 de dezembro de 2024 Doar
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Não se deve idolatrar o dinheiro, diz o papa

Papa Francisco no Vaticano | Daniel Ibáñez (ACI)

O papa Francisco falou ontem, 31 de janeiro, sobre a importância de dar "bom uso" ao dinheiro para não o idolatrar nem permanecer escravos dos bens materiais.

"A Bíblia não demoniza o dinheiro, mas nos convida a usá-lo corretamente, a não ser escravos dele, a não o idolatrar, não é fácil", disse o papa ao receber uma delegação da receita federal italiana nesta segunda-feira, no Vaticano.

Francisco disse que na Bíblia existem diferentes referências ao pagamento de impostos e destacou o exemplo de Zaqueu e de são Mateus no Evangelho.

Por um lado, o papa destacou que o Evangelho de São Lucas (Lc 19,1-10) descreve o escândalo causado pela conversão de Zaqueu quando encontrou Jesus Cristo em Jericó e acrescentou que este episódio descreve "a conversão de um o homem que não só reconhece o seu próprio pecado de ter defraudado os pobres, mas sobretudo compreende que a lógica de acumular para si mesmo o isolou dos demais. Por isso, devolve e compartilha. O amor gratuito de Jesus lhe tocou o coração quando quis ir diretamente para a sua casa".

Além disso, o papa recordou a vocação de são Mateus (Mt 9,9-13), que foi representada em um quadro famoso do pintor italiano Caravaggio que "imortaliza o momento em que Jesus lhe estende a mão e o chama"

"A partir desse momento, a vida de Mateus não é mais a mesma: é iluminada e aquecida pela presença de Cristo. E às vezes, quando rezamos ao Senhor para tomar uma decisão, pedimos a graça de nos iluminar – e devemos fazer isso sempre– mas nem sempre pedimos a outra graça: que nos aqueça o coração".

Segundo o papa, "uma boa decisão precisa de duas coisas: uma mente clara e um coração cálido, aquecido pelo amor".

"Talvez Mateus tenha continuado usando e administrando os seus próprios bens, e talvez os dos outros, mas certamente com uma lógica diferente: a do serviço aos necessitados e a da partilha com os irmãos, como o Mestre lhe ensinou", disse.

Ao falar sobre o dízimo, o papa explicou que para os levitas "serviu para amadurecer duas verdades na consciência do povo: a de não ser autossuficiente, porque a salvação vem de Deus; a de sermos responsáveis ​​uns pelos outros, começando pelos mais necessitados".

Em seguida, Francisco destacou em seu discurso a importância dos princípios de legalidade, imparcialidade e transparência, que são uma bússola valiosa.

Quanto à legalidade, o papa disse que é fundamental porque "a legalidade protege a todos" e explicou que "os impostos são um sinal de legalidade e justiça" porque "devem favorecer a redistribuição da riqueza, protegendo a dignidade dos pobres e dos últimos, que estão sempre em risco de serem esmagados pelos poderosos", pois "quando os impostos são justos, são para o bem comum".

Por fim, o papa lamentou "os casos de evasão fiscal, pagamentos ilícitos e ilegalidade generalizada" e destacou que há também "a honestidade de muitas pessoas que não se esquivam de suas obrigações, que pagam suas dívidas e assim contribuem para o bem comum. O flagelo da evasão é respondido pela simples retidão de muitos contribuintes, e este é um modelo de justiça social".

"Que são Mateus os cuide e apoie o seu compromisso com o caminho da legalidade, imparcialidade e transparência. Não é fácil, mas vocês podem nos ensinar isso: trabalhem para que todos o entendamos. Isso é importante", concluiu o papa.

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