22 de dezembro de 2024 Doar
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Na Quarta-feira de Cinzas, refugiados rezam pela paz em uma igreja da Ucrânia

O padre brasileiro Lucas Perozzi Jorge e um grupo de 35 pessoas estão refugiados na Igreja da Dormição da Virgem Maria, em Kiev, Ucrânia, de onde se uniram ao Dia de Jejum e Oração pela Paz convocado pelo papa Francisco.

"Eu estou aqui para dizer: Deus está aqui. Para que não apareça outro Nietzsche, por exemplo, perguntando onde está Deus neste absurdo, onde está Deus lá na Ucrânia, onde está Deus atuando através do Putin. Eu estou aqui para falar: Deus está aqui, em meio a toda essa desgraça", disse o padre.

"Estamos vivendo cada dia como se fosse uma Páscoa, como se hoje tivéssemos que morrer".

Para Lucas, saber que a morte não acaba com a vida na terra, mas que há a ressurreição que Cristo prometeu, é a verdade que o mantém de pé em meio a esta crise.

" Mas não a ressurreição do fim da guerra, isso não sei. Somos obrigados a viver um dia de cada vez, mas a ressureição é o que me mantém em pé, porque se não existisse a ressurreição, não teria sentido estar aqui", disse ele.

Padre Lucas, que é vigário da Igreja da Dormição da Santíssima Virgem Maria, disse ao Vatican News, serviço de informação da Santa Sé, que, em meio ao perigo da guerra, ele e mais 35 pessoas estão vivendo dentro da igreja "numa parte segura que fica no subsolo. Por enquanto, não faltam luz nem calefação".

Padre Lucas é natural de Álvares Machado (SP), mas mora em Kiev desde 2004. Embora mantenha laços familiares com sua cidade natal, sobretudo com o pai, ele afirma que não pensou em sair da Ucrânia.

O padre contou que estava fazendo um curso fora de Kiev, mas decidiu voltar imediatamente quando a guerra eclodiu. Entre os refugiados há membros da comunidade, mas também há outros fiéis que pediram refúgio, disse o padre. Para padre Lucas, receber a primeira família que procurou refúgio na sua igreja confirmou que a sua missão era na capital da Ucrânia.

Apesar da difícil situação que vivem e do medo, Lucas agradeceu a Deus por poder estar perto e acompanhar os refugiados ucranianos em meio à guerra.

"Eu estou vivendo num contexto que é uma graça, uma graça de Deus. Que não sou digno de viver nada disso, porque sou realmente fraco, sou covarde, sou um pecador muito grande, mas o que estou vivendo vai além, porque Deus me dá a graça de estar contente no meio de toda essa bagunça", disse.

"Dá para ver a mão de Deus muito forte aqui. Estou vivendo a gratuidade, a graça do amor de Deus. De poder estar aqui no meio desta situação toda e poder experimentar o amor de Deus, que Ele é bom, que Ele é amoroso."

O padre Lucas agradeceu as orações do papa Francisco, o "capitão do barco", e de toda a Igreja universal neste Dia de oração e jejum, e disse que "Deus está na Ucrânia".

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