Buenos Aires, Mar 4, 2022 / 14:34 pm
O bispo emérito de Orán, dom Gustavo Zanchetta, foi condenado a quatro anos e meio de prisão por abuso sexual "crime de abuso sexual simples continuado com agravante por ser cometido por um ministro de culto religioso reconhecido", segundo a sentença.
Segundo o jornal El Tribuno, os juízes encarregados do processo na cidade de Orán, na Argentina, María Laura Toledo Zamora, Raúl Fernando López e Héctor Fabián Fayos, ordenaram a prisão imediata de Zanchetta.
Gustavo Zanchetta foi nomeado bispo de Orán em 2013 pelo papa Francisco, carago que deixou em 2017. Até 2019 morava na casa Santa Marta, o hotel do Vaticano no qual o papa Franciscmo mora. Zanchetta foi assessor da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica.
A jornalista Silvia Noviatsky postou uma foto no Twitter na qual comenta que "parentes e amigos de seminaristas estão chorando do lado de fora" do tribunal porque a sentença contra Zanchetta "foi muito pouca para o dano que fez".
O julgamento contra Zanchetta começou em 21 de fevereiro e durante o mesmo o bispo negou as acusações de abuso sexual contra ele, enquanto as vítimas "confirmaram perante o Tribunal suas declarações feitas na fase de investigação, uma delas disse que o padre lhe fez 'propostas amorosas' e exigiu 'massagens'".
O julgamento estava previsto inicialmente para começar em 12 de outubro de 2021, mas foi suspenso a pedido do defensor do bispo, Enzo Gianotti, que pediu aos juízes que aguardassem os arquivos do processo canônico que está sendo feito no Vaticano contra dom Zanchetta.
Em fevereiro de 2019, a Congregação para os Bispos encarregou o arcebispo de Tucumán, Argentina, dom Carlos Alberto Sánchez, de uma investigação preliminar das denúncias contra dom Zanchetta, acusado de abuso sexual e abuso de poder. Em seguida, o caso foi para a Congregação para a Doutrina da Fé, encarregada de tratar desses casos.
O papa Francisco aceitou a renúncia de dom Zanchetta do cargo de bispo de Orán em 31 de julho de 2017.
O que o papa disse em 2019
Em entrevista concedida à jornalista mexicana da Televisa, Valentina Alazraki, em maio de 2019, o papa falou sobre o caso e também sobre as críticas que recebeu por ter nomeado dom Zanchetta como assessor da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA) em dezembro de 2017, cargo que ocupou até outubro de 2021.
O papa disse que alguns descreviam o bispo como "déspota, mandão e parece que a gestão econômica das coisas não era muito clara, mas isso não está provado. Mas certamente o clero sentia que não era bem tratado por ele", por isso "como clero fizeram uma denúncia à nunciatura".
Nesse sentido, Francisco disse que ligou para a nunciatura e o núncio disse que "a denúncia é séria por maus-tratos, abuso de poder, poderíamos dizer, certo?"; por isso enviou dom Zanchetta à Espanha "para fazer um teste psiquiátrico".
O papa disse que "o resultado do teste foi dentro do normal" e aconselharam que ele recebesse terapia uma vez por mês em Madri, por isso dom Zanchetta não voltou para a Argentina.
Sobre as críticas pela alegada má gestão financeira, o papa disse que "economicamente era desordenado, mas não houve má gestão financeira pelas obras que ele fez. Era desordenado, mas a visão era boa".
Francisco disse que, depois de receber os resultados da investigação preliminar feita sobre dom Zanchetta em 2019, viu "que era necessário fazer um julgamento". "Então eu passei para a Congregação para a Doutrina da Fé, onde eles estão fazendo o julgamento", disse o papa.
A Santa Sé não divulgou os detalhes do processo canônico contra dom Zanchetta e não informou se foi concluído.
Até a publicação desta nota, a Santa Sé não divulgou se haverá ou não alguma declaração sobre a condenação de dom Zanchetta.
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