20 de dezembro de 2024 Doar
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Fazenda da Esperança na Polônia recebe refugiados da Ucrânia

Unidade da Fazenda da Esperança na Polônia preparada para receber refugiados da Ucrânia. | Fazenda da Esperança

A unidade da Fazenda da Esperança na Polônia abriu as portas para receber refugiados ucranianos e hoje, 7 de março, acolheu o primeiro grupo. Para o voluntário missionário Franklin Fernandes, esta é uma forma de "fazer justamente o que a Igreja nos pede neste momento", ajudando as pessoas com "uma obra de misericórdia".

Desde o início da guerra na Ucrânia, com a invasão russa em 24 de fevereiro, mais de 1,7 milhão de refugiados deixaram o país, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). A Polônia, que faz fronteira com a Ucrânia, é o país que recebeu o maior número de refugiados até o momento. Segundo o Acnur, foram 1.027.603 pessoas, o equivalente a 59,2% do total.

A Fazenda da Esperança é uma comunidade terapêutica que nasceu em 1983, no Brasil, e atua na recuperação de dependentes químicos. Possui unidades em diversas cidades do Brasil e também em países da Europa, América, Ásia e África. Na Polônia, está na cidade de Nysa, perto da República Tcheca. "Daqui até a fronteira com a Ucrânia são de seis a oito horas de viagem de carro", contou Fernandes.

Com o início da guerra na Ucrânia a fazenda de Nysa começou a se prepara para receber refugiados. Inicialmente, foram preparados 29 lugares para acolher os refugiados na unidade da Fazenda da Esperança em Nysa, que fica em um mosteiro franciscano. Mas, a intenção é ampliar as vagas. "Hoje, chegou o primeiro grupo, com nove pessoas, entre mulheres e crianças. Não tivemos muito tempo para comunicação ainda, pois os refugiados chegaram e foram logo acomodados para jantar e descansar", disse.

Segundo Fernandes, o trabalho de acolhida dos refugiados está sendo feito em parceria com outras instituições católicas, como a Cáritas. "Os refugiados chegam à cidade e vão para os pontos que foram preparados para recebê-los. Lá, fazem um registro e depois são encaminhados para os locais de acolhida, como nossa casa".

Para o missionário, essa iniciativa faz parte do trabalho da comunidade, que "tem sempre uma abertura para entender a necessidade do momento, a necessidade regional".

"A Fazenda é uma obra de misericórdia. Ela teve início destinada à recuperação de dependentes químicos, mas com o tempo, os fundadores e toda a família foram entendendo melhor que era preciso ver a necessidade local, tanto que hoje temos creches, hospitais... Aqui não foi diferente", disse. "Claro que não esperávamos por isso jamais. Mas, essa realidade chegou à nossa porta e nós temos como obrigação, como obra de misericórdia, entender qual é a necessidade e o que Deus pede a nossa comunidade neste momento".

Fernandes admitiu que "as coisas ainda não são tão claras", mas se mantém confiante em Deus. "Não sabemos quanto tempo os refugiados precisarão permanecer, pode ser uma semana, dois anos. Não sabemos até que ponto essa guerra vai se estender ou até que ponto pode piorar. Então, temos todos esses medos no coração. Mas, com a confiança em Deus de que, fazendo neste momento a vontade dele, as coisas vão se esclarecendo".

Franklin Fernandes é natural de São Paulo (SP), tem 36 anos. "Em 2015, fiz meu processo de recuperação em uma das unidades, na casa mãe. Após o término do meu processo de recuperação resolvi doar um pouco da minha vida aos que precisam de ajuda, assim como eu precisei. Eu me tornei membro da família da esperança", contou. Está como voluntário na unidade da Fazenda da Esperança na Polônia "desde a inauguração, em 8 de abril de 2018".

Pessoalmente, Fernandes contou que há o medo. Mas, disse que "o desejo de ajudar como obra de misericórdia" é o que lhe prende na Polônia.  "Eu fiz todas as escolhas de não voltar. Sim, em alguns momentos tive o pensamento de voltar e ainda surgem questões no coração. Mas, no exato momento em que vi essas crianças, essas famílias, entendi que, por mais que eu tenha problemas e preocupações, não se compara a essa dor que eles sentem. Então, decidi ficar e ajudar", afirmou.

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