KIEV, Mar 8, 2022 / 09:27 am
"Fazer a guerra é uma loucura e uma coisa diabólica", exclamou padre Josaphat Boyko, de 42 anos, e pároco na Ucrânia.
Boyko, padre ordenado no Instituto do Verbo Encarnado (IVE) em 2004, atua na paróquia dos Santos Cirilo e Metódio na cidade de Ivano-Frankivsk desde 2007, perto da fronteira com a Polônia, onde centenas de milhares de ucranianos foram acolhidos.
O padre ucraniano disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que em 24 de fevereiro "houve um ataque ao aeródromo militar da cidade. Estamos a cerca de dois quilômetros de lá, mas as irmãs e os filhos da Casa de Misericórdia São Nicolau estão mais perto e tiveram que sair de lá". Agora eles estão abrigados na casa de uma irmã na região dos Cárpatos.
No domingo, 6 de março, continuou ele, os russos "bombardearam dois prédios na cidade de Kramatorsk, onde também estão nossos padres".
O padre Boyko disse que "todos os padres do IVE estão em seus lugares na Ucrânia. Esses dias também houve um ataque muito forte na cidade de Scadovsk, província de Kherson, e lá o padre José Montes e o padre Mijailo estão bem".
"Em Kramatorsk, dois outros padres estão bem, mas tiveram que sair da cidade para as casas dos paroquianos"; e apesar das dificuldades "vão à cidade para celebrar a missa", disse.
"Muitos dos nossos paroquianos vão para a guerra, são recrutados", disse o padre. "Há uma mobilização total na Ucrânia porque estamos em estado de guerra".
O padre Boyko também foi recrutado, mas, por ser padre, ficou isento.
Agora os sinos são alarme
Boyko disse que aos domingos eles têm duas missas e agora "mais pessoas vêm rezar. Durante a semana das três às seis rezamos os salmos. Nós os cantamos, pois temos essa tradição em tempos de perigo. Cantamos os salmos durante três horas e depois rezamos o terço e celebramos a missa".
O padre disse que eles transmitem as missas e orações no YouTube e assim muitos podem participar de suas casas; embora devido à situação atual "a catequese com crianças tenha sido suspensa" até segunda ordem.
Sobre os sinos, que normalmente são usados para chamar a missa, o padre disse que "agora eles só tocam quando há um alarme do estado, quando as sirenes disparam. Temos que abrir o porão da igreja para que as pessoas possam se refugiar lá".
Boyko explicou que "o alerta vem de Kiev", capital do país, "e os últimos foram ontem e aconteceram duas vezes".
"Quando em Kiev sabem de algum perigo ou ataque vindo da Rússia, alertam todas as cidades onde pode haver perigo, para que as pessoas se escondam", acrescentou.
Algo que chamou a atenção do padre com as pessoas que estão de passagem e que querem sair da Ucrânia, é que às vezes lhes dão comida e devido ao choque sofrido nesses dias, não conseguem comer.
"Recebemos pessoas de outras cidades, que passaram vários dias em seus abrigos, que normalmente foram adaptados para isso, não construídos assim", diz.
"Em alguns casos, demos comida feita na hora e as pessoas não conseguiam comer por causa do estresse. A tensão não lhes deixava comer. Precisam de alguns dias para se acalmar, para poder passar por tudo isso."
Como ajudar a Ucrânia?
Boyko disse à ACI Prensa que um católico em qualquer lugar do mundo pode rezar pela Ucrânia, pedindo paz.
"Aqui os católicos da Europa também podem ajudar, e de fato ajudam acolhendo os refugiados na Itália, Espanha, Alemanha, especialmente Polônia, também Eslováquia, Hungria".
O padre destacou que os refugiados ucranianos, que já são cerca de um milhão, também sentem a ajuda "do papa, dos padres e freiras que lhes oferecem comida, remédios e hospedagem".
O padre do IVE lamentou que quando há guerra "não se valoriza a vida, não se reconhece o valor de uma vida humana. Muitas pessoas morrem aqui por causa de armas, mísseis e tanques."
"É nosso desejo que a verdade sobre a guerra seja divulgada. Os russos chamam isso de operação militar de libertação. Isso é mentira e a mentira não é de Deus. Matar pessoas, colocar tanques e outras coisas não é certo. Os ucranianos querem viver em paz."
Para concluir, o padre destacou a importância de educar bem as crianças para que saibam que a guerra não é uma solução.
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"Uma mãe e um pai dão formação, uma educação à criança e isso deve ser feito em todas as famílias, explicando aos filhos que fazer a guerra é uma loucura, uma coisa diabólica!".
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