Lisboa, Mar 9, 2022 / 15:32 pm
O conselho permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pediu que os católicos de Portugal acolham os refugiados que estão deixando a Ucrânia por causa da guerra iniciada em 24 de fevereiro com a invasão russa. Fez também um apelo à solidariedade e partilha para com os ucranianos, por meio de instituições católicas que estão prestando ajuda humanitária.
Após a reunião do conselho permanente no dia 7 de março em Fátima, a CEP condenou "veementemente" a guerra na Ucrânia e desejou "o rápido restabelecimento da paz". Em nota, fez um apelo "a que se dê todo o apoio às famílias ucranianas em Portugal no acolhimento dos seus familiares e pede às famílias cristãs para acolher e apoiar os refugiados provenientes da Ucrânia".
Os últimos dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal, de 2020, mostram que mais de 28 mil cidadãos ucranianos viviam em Portugal. Eles representam a quinta maior comunidade de imigrantes no país. Segundo a SEF, desde o início da guerra até o momento, já foram concedidos mais de 4 mil pedidos de proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia.
A Igreja em Portugal já está se organizando para receber os refugiados ucranianos. Na diocese do Porto, o seminário Bom Pastor vai abrir suas portas para acolher as pessoas que estão fugindo da guerra. Segundo o bispo dom Manuel Linda, o pavilhão do seminário que "foi oferecido para hospital na luta contra a covid-19 será mantido de reserva para acolhimento de refugiados".
Entre os refugiados, o bispo espera receber principalmente crianças. Por isso, afirmou que "a cáritas e os colégios diocesanos darão o apoio que lhe é específico, mormente proporcionando às crianças a aprendizagem da língua portuguesa e o prosseguimento de estudos".
Dom Manuel Linda também incentivou "as paróquias, demais organismos eclesiais e toda a sociedade civil a programarem formas de acolhimento destes refugiados e da sua inserção na vida ativa".
A diocese da Guarda colocou à disposição para a acolhida aos refugiados as instalações do Centro Apostólico D. João Oliveira Matos e o Seminário Maior, e algumas paróquias disponibilizaram suas casas paroquiais. O diretor do jornal 'A Guarda', padre Francisco Barbeira, disse à Agência Ecclesia que 43 refugiados que possuem familiares em Portugal já chegaram à cidade.
Padre Barbeira contou que a diocese está trabalhando em conjunto com a Câmara Municipal da Guarda e há "capacidade para receber 250 refugiados". Disse ainda que as empresas da região já "têm disponíveis 245 vagas [de emprego], na área dos negócios, transporte e construção civil".
Segundo Ecclesia, rádio da CEP, no último sábado, um carro saiu da Guarda em direção a Varsóvia, na Polônia, para resgatar o grupo de refugiados. Na viagem levaram bens essenciais, cobertores e medicamentos doados.
No comunicado após a reunião do conselho permanente, a CEP reformou o apelo à "solidariedade e partilha efetiva para com o povo ucraniano através das Cáritas e de outras instituições da Igreja, em articulação com organismos como a Plataforma de Apoio aos Refugiados".
A CEP também recordou que, em comunhão com as conferências episcopais da Europa, a igreja em Portugal está participando da iniciativa "A Igreja em oração pela paz na Ucrânia e pelas vítimas da covid", que acontece durante toda a Quaresma. Os portugueses ficaram responsáveis "pela oração do dia 29 de março". "Pede-se a todas as comunidades cristãs que tenham esta intenção nas suas orações durante a Quaresma, particularmente nesse dia", disse a CEP. Como "sinal concreto", propôs a inclusão de duas preces na Oração dos Fiéis na celebração da missa. São elas:
"Pelo povo ucraniano, perseguido na sua terra e disperso pelo mundo, para que o Senhor atenda as nossas preces e os esforços das pessoas de boa vontade e lhe conceda a paz e o regresso a suas casas, oremos". E, "pelas vítimas da covid e dos tempos de pandemia, para que o Senhor atenda as nossas aflições e angústias, conceda o eterno descanso aos que morreram, conforto aos que choram, cura aos doentes, paz aos moribundos, força aos que trabalham na saúde, sabedoria aos nossos governantes e coragem para vencermos esta provação, oremos".
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