19 de dezembro de 2024 Doar
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Freira saiu da Ucrânia para salvar a mãe e agora cuida de refugiados na Polônia

Irmã Anna Zainchkovska | Blanca Ruiz (ACI)

A irmã Anna Zainchkovska é uma das 3 milhões de pessoas que tiveram que fugir da Ucrânia desde o início da ocupação russa em 24 de fevereiro. Ela levou a sua mãe, recém-operada para ficar com seu irmão na Polônia, mas não conseguiu voltar para a Ucrânia pois as fronteiras foram fechadas.

A freira foi acolhida pela Congregação das Servas da Santíssima Virgem Maria da Imaculada Conceição, na cidade de Przemysl, na fronteira da Polônia com a Ucrânia. Lá, Zainchkovska vai diariamente ao centro de registro da cidade, recebe seus compatriotas que chegam como refugiados e lhes dá apoio e abrigo.

Para a freira esta situação de dor e guerra é incompreensível, mas "tem esperança no bem" e está convencida de que "a guerra vai acabar".

"Nestes dias penso em como o Senhor chora com o povo ucraniano. Não consigo entender por que isso acontece e por que o Senhor o permite, mas confiamos n'Ele, que Ele não nos deixa, Ele é o Senhor da História, e de todo mal Ele sempre faz o bem. Neste tempo de destruição de casas, do nosso país, não deixemos nossa fé no Senhor ser destruída porque Ele não nos deixa", disse.

A família Fatsiyevych, pai, mãe e três filhos, foram recebidos pela irmã Zainchkovska quando chegaram a Przemysl fugindo de Kiev.

Mesmo sem querer abandonar a Ucrânia, os Fatsiyevych não tiveram opção. A casa deles ficou sem eletricidade e as temperaturas chegaram abaixo de zero dentro da casa.

A primeira parada em sua saída foi a cidade de Poltava, que ficou cercada pelas tropas russas assim que eles chegaram. Depois de alguns dias decidiram voltar para Kiev, para tentar sair por outro caminho.

Quando chegaram a Przemysl, não tinham para onde ir. Eram um grupo grande e isso dificultava a acolhida deles. A família Fatsiyevych encontrou, então, a irmã Anna.

"Elas nos encontraram, estávamos na plataforma e elas nos encontraram. irmã Anna nos viu e entendeu que não tínhamos para onde ir e estávamos esperando. Ela veio e nos perguntou se sabíamos para onde ir e se queríamos ir com ela e que poderíamos ficar um dia no seu abrigo. Ela nos deu abrigo e nos permitiu descansar um pouco por enquanto", disse a mãe.

No convento da congregação das Religiosas Servas de Maria há uma ala capacitada para acolher 30 refugiados por dia. Em um refeitório grande, que tem um crucifixo e uma passagem do Evangelho, há sempre duas mesas grandes com alimentos preparados com cuidado, pronta para saciar a fome de quem foge do horror há dias.

Num ritmo interminável de limpeza e lavagem, todos os dias as freiras trocam os lençóis e as toalhas dos seus 30 hóspedesconvidados, para que os seguintes se sintam em casa.

"Quando você vê seus filhos passarem frio e viajarem por mais de 30 horas fugindo da guerra, nunca pensamos que a acolhida na Polônia pudesse ser tão calorosa", disse a mãe da família Fatsiyevych.

Em nenhum abrigo na Polônia os refugiados podem ficar por mais de um dia se não for por motivos justificados. Com isso, as autoridades querem evitar que muitas pessoas se acumulem nesses locais.

A grande maioria dos que saem da Ucrânia quer esperar na fronteira, quer acreditar que o conflito terminará em breve e que vão poder voltar para casa logo. Nenhum deles tinha planejado emigrar, por isso rejeitam a ideia de começar do zero em outro país no qual não têm nada a fazer e cuja língua e costumes eles não conhecem.

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