23 de dezembro de 2024 Doar
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Mais de dez horas a pé para sair da Ucrânia: “Sabia que Deus estava comigo”

Refugiados ucranianos | Blanca Ruiz (ACI)

Um mês depois do começo da guerra na Ucrânia, mais de 3,2 milhões de mulheres e crianças tiveram que fugir do país. Chegar à decisão de deixar suas cidades, suas casas carregando apenas uma pequena mala não foi fácil. Durante semanas sofreram com o cerco e o ataque das tropas russas.

Há aqueles cujas casas foram bombardeadas e suas cidades destruídas. Em estado de choque por causa do medo, fizeram uma pequena bolsa com roupas, remédios e algumas lembranças.

A irmã Paula Jagoda chegou à Polônia há poucos dias e agora trabalha como voluntária para a Cáritas Polônia em Przemyśl.

Embora tenha nascido na Polônia, morou na Ucrânia há 27 anos. Não foi fácil para ela deixar o país, e ainda se lembra com lágrimas nos olhos do dia em que teve que deixar o convento na cidade de Malyns'kyi, perto de Kiev.

Ela, junto com cinco irmãs, foi para a fronteira polonesa. Assim que chegaram à fronteira, tiveram que esperar por 25 horas.

Agora, já a salvo, a irmã conta que não consegue aceitar que não pode trabalhar na Ucrânia, e é por isso que ela não quer sair da fronteira, para poder ser a primeira a voltar à Ucrânia quando a guerra terminar.

Outra das muitas pessoas que deixaram a Ucrânia é Natalia, que chora quando vê a foto de seu marido, Sergey, que está combatendo na Ucrânia.

Natalia conta que essa foto é a coisa mais valiosa que carrega consigo e que a guardará até poder reencontrá-lo pessoalmente. Ou Alina, que carrega o último presente que seu pai lhe deu: uma bolsinha, que a lembra de momentos felizes em família.

Para muitos dos ucranianos que fugiram do horror, a fé foi um fator fundamental na resistência. Assim conta Vyra, que deixou Kiev em 26 de fevereiro, dois dias depois do início da guerra.

Para cruzar a fronteira com a Polônia pela cidade de Medyka, Vyra ficou mais de dez horas em uma longa fila que parecia não ter fim. As temperaturas no final de fevereiro naquela área entre a Ucrânia e a Polônia ficaram vários graus abaixo de zero, mas ela diz que conseguiu se manter forte porque "eu sabia que Deus estava comigo".

"Consegui vencer o medo, a tristeza, o cansaço porque sabia que Deus estava comigo e me ajudava. Sei que vou conseguir seguir adiante porque Ele me ajuda", afirmou Vyra.

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