Vaticano, Mar 28, 2022 / 16:10 pm
O papa Francisco recebeu hoje (28), no Vaticano, dois grupos de representantes dos povos indígenas do Canadá, acompanhados por bispos canadenses.
Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, as duas audiências duraram uma hora cada e o papa quis "ouvir e dar espaço às dolorosas histórias" de algumas vítimas de abuso.
O primeiro encontro foi com cerca de dez delegados dos métis, que têm origem nativa e europeia. O outro foi com representantes dos Inuit, um dos chamados povos originários do Canadá.
A Conferência Canadense de Bispos Católicos (CCCB, na sigla em inglês) disse em uma declaração oficial que durante o ano passado houve "um debate nacional em todo o país sobre a trágica história das escolas residenciais no Canadá" e disse que "os bispos católicos do Canadá estão profundamente entristecidos com o legado das escolas residenciais e continuam totalmente comprometidos em trabalhar com os povos e comunidades indígenas em todo o país para apoiar a cura e a reconciliação".
"Também reconhecemos com tristeza o trauma histórico e contínuo e o legado de sofrimento e desafios enfrentados pelos povos indígenas que continuam até hoje", acrescentou a nota da conferência dos bispos canadenses.
Programação no Vaticano
As duas audiências com o papa nesta segunda-feira, 28 de março, foram a primeira de várias atividades que as delegações indígenas farão com alguns dos bispos durante os cinco dias em que estarão no Vaticano.
Na terça-feira (29) os delegados visitarão os museus vaticanos, no dia seguinte participarão da Audiência Geral do papa, na quinta-feira (31) o papa receberá uma delegação das Primeiras Nações, e finalmente, na sexta-feira (1º) o papa vai fazer uma audiência final no Palácio Apostólico com todas as delegações.
Em junho de 2021, o papa Francisco se disse pesaroso pela descoberta de sepulturas não identificadas de 215 crianças indígenas em uma antiga escola residência católica no Canadá.
Os corpos foram encontrados na Kamloops Indian Residential School, no território da nação originária K'emlúps te Secwépemc, na província da Colúmbia Britânica.
Não se sabe como as crianças morreram nem suas identidades. As sepulturas foram descobertas através de radar.
A Kamloops Indian Residential School foi fundada pelo governo canadense em 1890. Inicialmente chamada Kamloops Industrial School, a escola foi administrada pelos Oblatos de Maria Imaculada de 1892 a 1969. Em 1969, foi devolvida ao governo canadense.
A escola funcionava como residência para crianças de povos indígenas, conhecidos no Canadá como Primeiras Nações.
Hoje, existem cerca de 634 comunidades das Primeiras Nações no Canadá, com um total de 975 mil pessoas, segundo o censo de 2016.
Kamloops que chegou a ser a maior escola residencial do Canadá, foi fechada em 1978. Uma investigação da Comissão da Verdade e Reconciliação, feita entre 2008 e 2015, concluiu que entre quatro mil e seis mil estudantes morreram nas diversas escolas residenciais canadenses, a última das quais, administrada pelo governo federal, fechou em 1996.
A investigação da Comissão de Verdade e Reconciliação concluiu que o sistema escolar residencial canadense separava as crianças indígenas, inuít e métis de suas famílias para afastá-las de suas culturas e forçar sua assimilação.
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