18 de dezembro de 2024 Doar
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Bispo alemão defende o Caminho Sindoal Alemão de críticas dos bispos nórdicos

Dom Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã | Diocese de Limburg

O bispo de Limburg e presidente da Conferência Episcopal Alemão, dom Georg Bätzing, disse que não há risco de cisma por causa do Caminho SInodal Alemão, em resposta a críticas dos bispos nórdicos.

O Caminho Sinodal Alemão é um processo de que participam bispos e leigos da Alemanha para discutir temas como o exercício do poder, a moralidade sexual, o sacerdócio e o papel das mulheres na Igreja.

Os bispos da Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia publicaram uma carta aberta a Bätzing em 9 de março, depois que os participantes alemães do Caminho Sinodal alemão aprovaram projeto pedindo a abolição do celibato sacerdotal na Igreja Latina, a ordenação de mulheres ao sacerdócio, a bênção de uniões de pessoas do mesmo sexo e mudanças no ensino da Igreja sobre a homossexualidade.

Em sua carta, os bispos nórdicos criticaram a "submissão ao Zeitgeist" (espírito dos tempos) e o "empobrecimento do conteúdo de nossa fé" pelo Caminho Sinodal Alemão.

Em sua resposta, Bätzing disse que entende a preocupação dos bispos, mas que seus "medos expressos e implícitos não correspondem às reais deliberações, debates e decisões de nosso Caminho Sinodal".

Em uma carta datada de 28 de março à qual a CNA Deutsch, agência em alemão do grupo ACI, teve acesso, dom Bätzing disse que o polêmico Caminho Sinodal não busca criar um "Sonderweg", termo histórico que significa literalmente caminho especial, para a Igreja na Alemanha isolada da Igreja Universal.

Bätzing também disse na carta que "gostaria de responder às preocupações de que os católicos na Alemanha poderiam rejeitar sua integração na comunidade da Igreja universal ou mesmo tomar um caminho especial distante desta comunidade".

"Por outro lado, quero assegurar-lhes que nas deliberações e decisões do Caminho Sinodal é feita uma diferenciação muito cuidadosa em relação às mudanças e reformas que podem ser feitas no âmbito da responsabilidade diocesana dos membros da Conferência Episcopal Alemã; e quais temas, preocupações e reformas podem ser suscitados no contexto da Igreja Universal, em particular no que diz respeito ao Caminho Sinodal da Igreja Universal", escreveu.

Bätzing se refere ao Sínodo da Sinodalidade a ser realizado em Roma em outubro de 2023, após um processo de consulta de dois anos em todo o mundo.

"Começando com o fato verdadeiramente catastrófico e vergonhoso dos abusos sexuais e seu encobrimento na Igreja, os católicos alemães estão procurando novas formas da prática na Igreja com muito cuidado e com um novo compromisso teologicamente enraizado", escreveu ele.

"O objetivo de todas essas deliberações é dar lugar ao Evangelho na vida da Igreja, para poder colaborar mais livremente novamente na vinda do Reino de Deus e assim criar as bases para poder dar conta da razão de nossa esperança a todos aqueles que nos pedem".

Dom Bätzing também respondeu ao comentário dos bispos nórdicos de que os líderes da Igreja "têm o dever de abraçar como nosso, com gratidão e reverência, o depósito da fé que recebemos através da Igreja".

A este respeito, o bispo alemão disse que "gostaria de deixar claro aqui que o depositum fidei (depósito da fé) inalterável e imodificável não deve ser entendido de tal forma que cada prática eclesiástica, cada regulamento e cada forma social da Igreja, que se desenvolveu ao longo da história e em circunstâncias muito específicas no tempo, represente este depositum inalterável".

"Muitos aspectos organizacionais e também as atribuições de poderes na Igreja foram formados em resposta a condições históricas concretas e também devem ser objeto de mudança e renovação quando se mostrarem obsoletos ou obstrutivos ao anúncio do Evangelho devido a mudanças nas exigências", escreveu.

Citando o documento Lumen gentium do Concílio Vaticano II, Bätzing disse que "o mistério sacramental da Igreja não é afetado por isso, pois o seguinte sempre se aplica à Igreja simultaneamente: ela é ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificar-se e seguir sempre o caminho da penitência e da renovação".

"Essas são as mudanças com as quais o Caminho Sinodal está preocupado, e na busca de novos caminhos para este fim, se orienta pelas fontes essenciais da Fé: a Escritura e a Tradição, o Magistério e a teologia, assim como o sentido de fé dos fiéis e os sinais dos tempos", afirmou.

Dom Bätzing apresentou um argumento semelhante em uma carta enviada em 16 de março a dom Stanisław Gądecki, presidente da Conferência Episcopal Polonesa, que questionou o bispo alemão sobre se o Caminho Sinodal estava enraizado no Evangelho.

Em sua carta aos bispos nórdicos, dom Bätzing disse que "o Caminho Sinodal sempre traz esta advertência do coração: ninguém pode se preocupar em alinhar levianamente a ação da Igreja com as modas vigentes".

"No entanto, as reflexões do Caminho Sinodal, na boa tradição eclesial e em estreita ligação com o que estabelece o Concílio Vaticano II, baseiam-se no fato de que Deus, Criador e sustentador do mundo, se revela também neste mundo e na história da humanidade, e que essa atividade e sua natureza também podem ser vistas nos acontecimentos da história de forma sucinta", afirmou.

Para concluir, o presidente dos bispos alemães pediu aos bispos nórdicos que continuem em contato na esperança de que possam "fortalecer e aprofundar" seu intercâmbio.

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