24 de novembro de 2024 Doar
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Cardeal Parolin diz que reforma da cúria pode não ter acabado

Cardeal Pietro Parolin | Daniel Ibáñez (ACI)

A publicação da nova constituição do Vaticano Praedicate evangelium não é necessariamente o fim da reforma da cúria e novos escritórios podem ser acrescentados depois, disse o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin com exclusividade à ACI Stampa, agência em italiano do grupo ACI. Antes da viagem do papa Francisco a Malta, o cardeal falou sobre a reforma da Cúria Romana, o papel da Secretaria de Estado após o lançamento do Praedicate evangelium e sobre a atual falta de pessoal diplomático na Santa Sé.

Na primeira parte da entrevista, o cardeal falou sobre os esforços da Santa Sé para acabar com a guerra na Ucrânia. A Santa Sé se ofereceu para atuar como mediadora entre a Rússia e a Ucrânia. Também buscou mediar o conflito entre governo e oposição na Venezuela, apoiou o processo de paz que pôs fim à guerrilha na Colômbia e atuou como facilitadora nas discussões entre Cuba e os Estados Unidos para restabelecer os laços diplomáticos entre os dois países, rompidos pouco depois da revolução comunista de 1959.

No entanto, essa atividade da diplomacia da Santa Sé não levou à criação de um escritório específico, como fora pedido pelo cardeal Parolin.

Para o secretário de Estado da Santa Sé, no entanto, "não é certo que a reforma da Cúria acabe com a ideia de um escritório pontifício de mediação. A Cúria é um organismo vivo. Continua, obviamente sempre seguindo as indicações dadas pelo papa, mas, quantos institutos e entidades sempre foram acrescentados depois de cada reforma?

Durante a entrevista, Parolin disse que o "problema fundamental" são os recursos humanos e econômicos, já que um escritório deste tipo implica um grande investimento, "porque a mediação não é apenas fazer gestos. É um compromisso intenso de estudar. E precisa de tempo, disponibilidade, meios."

O escritório não foi criado, sobretudo, "por essa dificuldade de encontrar recursos. Afinal, somos uma pequena realidade que enfrenta grandes problemas e tentamos fazê-lo com as forças que temos à nossa disposição", disse o cardeal italiano de 67 anos.

Como membro do Conselho de Cardeais que aconselha o papa Francisco, o cardeal Parolin ajudou a fazer a nova constituição da Cúria Romana, que descreve a Secretaria de Estado como a "Secretaria Papal".

A Secretaria de Estado está agora dividida em três secções. Existe uma subsecretaria de relações com os Estados dedicada exclusivamente ao setor multilateral e a Secretaria perdeu sua autonomia financeira.

Qual é, então, o futuro da Secretaria de Estado?

"Pelo que entendi", disse o cardeal Parolin, "Paulo VI resolveu o problema da coordenação de cima para baixo, estabelecendo que tudo passava pela Secretaria de Estado. Hoje, esse não é mais o ponto de vista".

"Certamente, a Secretaria de Estado vê alguns de seus poderes diminuídos, mas continuará cumprindo sua tarefa de assistência direta ao papa no exercício do ministério petrino. Afinal, a Secretaria de Estado depende diretamente do papa", disse.

Entre as várias crises a serem enfrentadas está a falta de pessoal diplomático. Existem atualmente 14 nunciaturas vacantes em todo o mundo, algumas das quais são particularmente importantes, como Venezuela, União Europeia e Jordânia.

"A crise é mais geral", disse o cardeal. "É uma crise que diz respeito às vocações sacerdotais e religiosas, grupo do qual também foram retirados os funcionários da diplomacia da Santa Sé. Vê-se que todos os anos é um desafio encontrar novos candidatos para a Academia Eclesiástica", a instituição que forma sacerdotes para servir no corpo diplomático.

Em todo caso, para o cardeal Parolin, a diplomacia da Santa Sé "tem o sentido da busca da paz, além dos interesses privados". "Não há interesses econômicos", nem militares ou políticos, afirmou. A Santa Sé se faz presente fundamentada no Evangelho e na tradição da Igreja, "porque a Santa Sé está presente na comunidade internacional praticamente desde o início", disse Parolin.

"Procuramos estar presentes em situações de sofrimento e tentamos ajudar a resolver esse sofrimento ligado a conflitos, oposições ou confrontos de qualquer tipo", disse.

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