21 de dezembro de 2024 Doar
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Papa diz que protestar a Deus pelo sofrimento também é uma forma de rezar

Papa Francisco na Audiência Geral de hoje (18 | Daniel Ibáñez (ACI)

"Deus não se assusta com a nossa oração de protesto, não! Deus compreende", disse o papa Francisco na audiência geral de hoje (18) na praça de São Pedro.

O papa continuou com a sua série de catequeses sobre a velhice, refletindo nesta quarta-feira sobre a passagem bíblica do Livro de Jó, a quem descreveu como "uma testemunha da fé que não aceita uma 'caricatura de Deus'".  

"E Deus por fim responde, como sempre de um modo surpreendente: mostra a Jó a Sua glória, mas sem o esmagar, pelo contrário, com soberana ternura", continuou o papa Francisco.

Francisco também disse que Jó "compreendeu o mistério da ternura de Deus escondida por detrás do seu silêncio " e exortou os fiéis a ter "uma fé simples na ressurreição de Deus, a fé simples em Jesus Cristo, a fé simples que o Senhor sempre nos espera e virá".

Em seguida, o papa Francisco alertou sobre a fé "moralista" que leva ao "farisaísmo" e defendeu que "a parábola no livro de Jó representa dramática e exemplarmente o que na realidade acontece na vida".

"Ou seja, que sobre uma pessoa, uma família ou um povo recaem provações demasiado pesadas, provações desproporcionadas em relação à pequenez e à fragilidade humanas", explicou o papa.

Com base nesta ideia, Francisco citou alguns exemplos como "os pais de crianças com deficiências graves, ou naqueles que vivem com uma enfermidade permanente ou no familiar que está ao lado... Situações muitas vezes agravadas pela escassez de recursos econômicos".

"Em certos momentos da história, estes acúmulos de fardos parece que chegam todos juntos. Isto foi o que aconteceu nos últimos anos com a pandemia da Covid-19 e o que está a acontecer agora com a guerra na Ucrânia", disse.

"Podemos justificar estes 'excessos' como uma racionalidade superior da natureza e da história? Podemos abençoá-los religiosamente como uma resposta justificada à culpa das vítimas, que os mereceram? Não, não podemos", disse o papa.

Protesto a Deus como forma de oração

O papa explicou então que em muitas ocasiões os fiéis podem "protestar" a Deus sobre problemas ou situações difíceis da vida. Diante disso, ele disse que "o protesto é um modo de oração".

"Se tens alguma chaga no coração, alguma dor e te vem vontade de protestar, protesta também contra Deus, Deus ouve-te, Deus é Pai, Deus não se assusta com a nossa oração de protesto, não! Deus compreende", disse o papa exortando os presentes a fazer uma oração espontânea e não aprisionar a oração em esquemas preconcebidos.

 A velhice e a promessa de Deus

"Este testemunho é particularmente credível se a velhice o assumir, na sua progressiva fragilidade e perda. Os idosos viram muitas coisas na vida! E também viram a inconsistência das promessas dos homens. Homens de leis, homens de ciência, também homens de religião, que confundem o perseguidor com a vítima, imputando a esta toda a responsabilidade pela sua dor. Erram", explicou o papa Francisco.

Francisco disse que "os idosos que encontram o caminho deste testemunho, que converte o ressentimento pela perda na tenacidade pela expetativa da promessa de Deus – há uma mudança, do ressentimento pela perda para uma tenacidade em seguir a promessa de Deus – estes idosos são uma defesa insubstituível para que a comunidade enfrente o excesso do mal".

"O olhar dos crentes que se dirige para o Crucificado aprende precisamente isto. Que o aprendamos também, de tantos avôs e avós, de tantos idosos que, como Maria, unem as suas orações, por vezes comovedoras, à do Filho de Deus que na cruz se entrega ao Pai", concluiu o papa.

Saudações aos peregrinos

Durante a saudação aos peregrinos da Polônia, o papa lembrou santo André Bobola, mártir jesuíta e padroeiro da Polônia.

Francisco destacou "seu compromisso com a unidade da Igreja e sua firmeza na defesa da fé em Cristo", e encorajou que seu exemplo "nos dê coragem para fazê-lo diante da tentação do mundanismo".

Também durante a saudação aos peregrinos da Itália, o papa Francisco nomeou a associação "Famílias pela acolhida" e explicou que "elas se dedicam à adoção, cuidando de crianças e idosos em dificuldade e oferecendo testemunho cristão e importante serviço social".

Ele também falou aos recém-casados ​​e os encorajou a formar uma família onde aprendam de Jesus e cresçam em serenidade e alegria.

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