22 de dezembro de 2024 Doar
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Casal católico viveu oito anos no corredor da morte no Paquistão por ser cristão

Shafqat Emmanuel (esquerda) e Shagufta Kausar (direita), casal paquistanês preso por serem cristãos | Cortesia de Ajuda à Igreja que Sofre (ACN)

"Passei oito anos no corredor da morte depois de ser falsamente acusada de blasfêmia", disse Shagufta Kausar, paquistanesa católica que, com seu marido, Shafqat Emmanuel, foi presa em julho de 2013 e libertada em junho de 2021.

Em entrevista à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), Shagufta disse que "apesar de todos esses pesadelos assustadores", nunca perdeu a esperança ou a fé.

"Rezava diariamente, sem falhar. Li a Bíblia e cantei salmos e hinos em urdu e punjabi, e isso me confortava muito. Nunca perdi a fé e a esperança de que, desde que meu marido e eu éramos inocentes, meu eterno Senhor Jesus Cristo – que derrotou a morte e ressuscitou dos mortos no terceiro dia – nos libertaria e me ressuscitaria da morte", disse ela.

Shagufta e Shafqat Emmanuel moravam em Mian Channu, bairro 250 km ao sul de Lahore, Paquistão, até serem presos separados um do outro e de seus parentes.

"Então, um dia de julho de 2013, ficamos apavorados ao ver várias vans da polícia parar, com dezenas de policiais. Eles invadiram nossa casa e prenderam meu marido e eu sob a acusação de blasfêmia na forma de uma mensagem ofensiva sobre Mohammed, enviada através de nosso celular", disse a mulher, nascida em uma família católica.

"O telefone estava registrado em meu nome e era usado pelo meu marido também. A mensagem ofensiva foi escrita em inglês, um idioma que nem meu marido nem eu falamos ou lemos. Fomos mantidos sob custódia policial por uma noite. No dia seguinte fomos transferidos para a cadeia", disse Shagufta.

A leiga católica disse à ACN que eles foram torturados na prisão e que os policiais ameaçaram estuprá-la "na frente dele" se ele não confessasse. "Mesmo sendo ambos inocentes", destacou Shagufta.

"Ficamos na prisão por oito meses antes de um juiz nos considerar culpados e nos sentenciar à morte. Nosso advogado não foi autorizado a completar suas alegações finais, e nenhum de nós foi ouvido".

"Assim desmaiei quando ouvi este julgamento de morte. Afinal a condenação foi um grande golpe para nós e para nossa família e chocou toda a comunidade cristã no Paquistão e em outros lugares", contou.

Shafqat foi transferido para a prisão de Faisalabad e Shagufta foi colocada em uma cela no corredor da morte em Multan.

"Ficamos no corredor da morte por oito longos anos. Você pode imaginar o quanto isso foi difícil para meus filhos? Naquela época eles tinham 13, 10 e 7 anos e minha filha tinha apenas 5 anos".

"Então eles tinham que continuar se virando e passavam o tempo se escondendo de fundamentalistas muçulmanos que ameaçavam atacá-los", disse Shagufta.

Ela disse que seus filhos só podiam visitá-la "a cada cinco ou seis meses, por cerca de 20 ou 30 minutos".

"Assim eu chorava todos os dias por não estar com meus filhos. Minha vida era aterrorizante, e eu ficava pensando que um dia meu marido e eu seríamos enforcados", lembrou.

Segundo Shagufta, as autoridades muçulmanas disseram várias vezes que se ela se convertesse ao islã, sua sentença de morte seria transformada em prisão perpétua e ela acabaria sendo libertada.

"Eu sempre disse não. O Senhor Jesus Cristo Ressuscitado é minha vida e Salvador. Jesus Cristo sacrificou sua vida por mim, embora eu seja uma pecadora. Eu nunca, jamais mudarei minha religião e me converterei ao Islã. Preferia ser enforcada a negar Jesus Cristo", disse ela.

Foi então, afirmou Shagufta, que "a intervenção divina começou. Vozes muito fortes foram levantadas contra nosso julgamento e sentença injustos no Parlamento Europeu".

Várias organizações "oraram por nossa libertação e nos ofereceram apoio moral e espiritual. Meu marido e eu sempre seremos gratos a todos os nossos apoiadores. Muito obrigado! Deus abençoe a todos eles", disse.

Shagufta também disse que por um tempo conseguiu rezar com Asia Bibi, uma católica liberta que também foi condenada à morte por blasfêmia.

"Foi minha vizinha no corredor da morte em Multan. Sempre que nos encontrávamos, costumávamos orar juntas, consolar uma à outra e renovar nossa firme fé em Jesus Cristo. Na época do Natal, partilhávamos bolo com outras prisioneiras muçulmanos e cristãs", disse ela.

"Quando soube que a Asia foi libertada, meu coração se encheu de alegria e tive certeza de que um dia eu também seria libertada. Finalmente, aconteceu, e meu marido e eu fomos libertados", acrescentou.

Shagufta lamenta não poder ficar com a família no Paquistão e ter que pedir asilo e se estabelecer em outro país por razões de segurança.

"No entanto, estamos muito felizes que um país europeu nos deu asilo e agora nossa família está reunida. Estamos seguros aqui e somos livres para praticar nossa religião", disse.

Shagufta tem esperança de que as acusações de blasfêmia "parem no Paquistão e que aqueles que forem considerados culpados de falsamente acusar outros, sejam punidos".

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"Todo louvor e glória sejam para meu Senhor Jesus Cristo vivo e meu Deus misericordioso, que é um Deus de justiça", concluiu.

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