19 de novembro de 2024 Doar
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Católicos recuperam a catedral de Kiev, tomada pela União Soviética

A catedral de São Nicolau em Kiev foi transferida oficialmente para a comunidade católica da Ucrânia em 1º de junho.

Em novembro de 2021, a Conferência Episcopal da Ucrânia informou que havia chegado a um acordo com as autoridades ucranianas para que a catedral de São Nicolau, a segunda igreja de rito latino mais antiga de Kiev, voltasse a pertencer à comunidade católica da capital ucraniana.

Catedral de São Nicolau, Kiev. Crédito: Konstantin Brizhnichenko (CC BY-SA 4.0).

De templo católico a sala de concertos

A catedral de São Nicolau em Kiev foi consagrada em 1909 e serviu como local de culto até 1938, quando foi tomada pelo governo soviético. A Ucrânia era uma das 15 repúblicas que formaram União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

 Em 1980, o altar foi removido e o templo foi convertido em sala de concertos. Ante disso, os comunistas já tinham usado o templo como sede do Ministério da Administração Interna da União Soviética.

Depois da queda do regime comunista e da dissolução da URSS em 1991, o prédio da igreja passou a ser supervisionada pelo departamento de cultura do município e os católicos tinham que alugá-lo para poder celebrar a missa.

Um processo interrompido pela guerra

Dom Vitalii Kryvytskyi, bispo da diocese de Kiev-Zhitomir, Ucrânia, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que "a igreja de São Nicolau ainda não passou totalmente para as mãos da comunidade católica, pois é necessário completar algumas questões legais porque um incêndio e a eclosão da guerra tornaram este processo difícil e prolongado".

"Em 6 de novembro de 2021, a paróquia e o Ministério da Cultura assinaram um memorando no qual o Ministério da Cultura se comprometeu a devolver a igreja à comunidade antes de 1º de junho de 2022."

"No entanto, o princípio exato da operação não foi especificado, e a guerra arruinou todos os planos nos últimos três meses", lamentou o bispo. "Desde o início da guerra até a Semana Santa, por razões de segurança, a missa foi celebrada no porão da igreja, e a igreja superior tornou-se um centro de ajuda. Até hoje, nas naves laterais, além das atividades litúrgicas, é distribuída ajuda aos pobres e necessitados".

No dia 1º de junho, o ministro da Cultura disse que tudo está avançando para devolver integralmente o prédio à comunidade católica.

"Nesse dia, a chave e as portas da igreja foram abençoadas, e foi decidido que a igreja permanecesse aberta o dia todo para ser um local de oração acessível a todos os crentes", explicou o bispo.

Além disso, destacou que esse esforço e a luta dos católicos para recuperar o que era deles "já dura mais de 30 anos" e disse que "a decisão de devolver a igreja à comunidade e transformá-la de monumento arquitetônico em monumento religioso foi uma grande alegria para todos nós".

"A igreja foi construída em 1909 e em 1938, na época da repressão soviética, passou para as mãos do Estado. Muitas pessoas que se opuseram foram perseguidas, algumas também deram a vida.

"Os esforços para devolver o edifício aos católicos duraram desde a declaração de independência da Ucrânia até hoje, quase 31 anos", explicou.

"A paróquia tem um comitê especial de proteção composto por arquitetos leigos, advogados e estudiosos da cultura que acompanharam todo o processo de devolução do edifício à diocese quase desde o início", disse dom Vitalii Kryvytskyi.

Segundo ele, muitos edifícios religiosos da diocese ainda estão nas mãos do Estado, "alguns deles estão muito deteriorados e em outros lugares não há mais comunidade de fiéis".

"Seria muito caro reconstruí-los e mantê-los, por isso não estamos buscando a devolução de todos os prédios. Existem vários processos em andamento para devolver os imóveis confiscados às suas comunidades, esses casos costumam ser muito complicados", concluiu.

"A vitória da Justiça"

O embaixador ucraniano junto da Santa Sé, Andrii Yurash, publicou uma mensagem através da rede social Twitter na qual manifestou a sua satisfação pelos avanços da comunidade católica, destacando a dificuldade do processo.

"Depois de muitos anos de discussões e inclusive de oposição, a principal igreja católica de Kiev, São Nicolau, foi devolvida ao seu proprietário histórico, a comunidade católica da capital. O bispo Vitalii Kryvytskyi, ordinário de Kiev, celebrou com os fiéis este momento essencial do triunfo da justiça", lê-se na mensagem publicada pelo embaixador.

"Muitos edifícios ainda não foram restaurados".

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Falando à ACI Prensa, padre Andriy Soletskyy, secretário em Roma do arcebispo-mor de Kiev, sua beatitude Sviatoslav Shevchuk, explicou que "a igreja há muito tempo era propriedade do Estado e, portanto, a comunidade católica de rito latino estava pedindo seu retorno".

"Mesmo após a dissolução da União Soviética, quase não houve restituição de propriedade da igreja, há muitos edifícios da igreja que ainda não foram devolvidos, e esta é uma boa notícia para os católicos de Kiev", disse ele.

Promessas não cumpridas

ACI Prensa também conversou com o padre ucraniano Jurij Blazejewski, estudante de Comunicação Institucional na Universidade de Santa Croce em Roma, que lamentou que "o governo central todo ano dizia que ia entregar e todo ano atrasava".

Ele também disse que "alguns elementos de pedra da fachada já estavam começando a desmoronar e eles também bloquearam as propostas do bispo para realizar todos os trabalhos de restauração necessários".

"No verão passado, um grande incêndio deflagrou durante a noite porque os velhos cabos dentro do órgão não eram bem cuidados e mantidos", explicou ele.

"Finalmente, a situação encontrou uma solução. Só agora o Ministério da Cultura finalmente entregou o edifício à diocese", concluiu.

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