6 de dezembro de 2024 Doar
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Incêndio obriga monges de São Domingos de Silos a sair de convento após dois séculos

Um monge do Mosteiro de São Domingos de Silos, na Espanha | Abadia de São Domingos de Silos

Pela primeira vez desde 1835, os monges do Mosteiro de Silos, celeiro do canto gregoriano na Espanha, foram obrigados a abandonar o isolamento de suas celas. Desta vez não foi por decisão política dos inimigos da Igreja, mas por precaução contra o fogo.

Pelo menos oito prédios da cidade foram destruídos pelas chamas que devastam as terras ao redor da cidade de São Domingos de Silos, e mais de 500 pessoas foram despejadas.

Em declarações à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, os monges disseram que foram acolhidos na casa de hóspedes do mosteiro beneditino feminino de Santa Maria, na cidade vizinha de Aranda de Duero.

Como o convento não foi afetado pelas chamas, as autoridades permitiram que quatro monges retornassem ao local na manhã de hoje (25) para atender a hospedaria.

Os monges manifestaram preocupação com os moradores da cidade, que também foram obrigados a abandonar as suas casas. Expressaram também sua desolação pelos danos causados ​​pelo incêndio tanto na cidade como no entorno natural e nas empresas agrícolas e pecuárias.

Desamortização de Mendizábal

A saída dos monges de seu mosteiro não acontecia desde que o poderoso ministro Juan Álvarez de Mendizábal lançou um processo de expropriação forçada de bens eclesiásticos, a fim de sustentar a guerra contra os tradicionalistas carlistas frente aos liberais partidários de Isabel II.

A chamada desamortização incluía a expulsão de qualquer ordem religiosa que não se dedicasse diretamente à caridade e não tivesse arrecadado fundos pretendidos nem proporcionado distribuição de terras.

Presença monástica há mais de um milênio

As origens do mosteiro remontam a um documento do ano de 954 em que, pela primeira vez, foi citado o mosteiro de São Sebastião de Silos.

Devido à ação violenta de Almanzour, califa muçulmano da Andaluzia no século X, o mosteiro caiu em desgraça até a chegada do monge Domingos Manso que havia sido prior do mosteiro de San Millán de la Cogolla, em La Rioja.

 

Sob a sua direção, foram construídas a igreja românica e um claustro que ainda existe. Após a morte de Domingos, o mosteiro recebeu seu nome. Neste local são Domingos de Gusmão foi batizado, em 1170.

No século XVIII, a igreja românica foi substituída por uma barroca com cruz grega, que ainda existe, e um novo claustro.

O desamortização de Mendizábal representou, para além da expulsão dos monges, a perda de um importante patrimônio artístico religioso e do seu arquivo histórico. Quase meio século depois, em 1880, um grupo de monges beneditinos expulsos da França chegou ao mosteiro e restaurou a vida de oração e trabalho.

Desde então, este mosteiro foi a origem de várias fundações na Espanha, incluindo a da abadia de Santa Cruz, no Vale dos Caídos.

Em 1970, um terrível incêndio o reduziu a cinzas. O trabalho de restauração deixou o mosteiro praticamente como pode ser visto atualmente.

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