17 de dezembro de 2024 Doar
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Papa Francisco ataca ‘os que se dizem tradicionais’ em resposta sobre rever a posição da igreja sobre contraceptivos

Papa Francisco | Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

"Uma Igreja que não desenvolve seu pensamento no sentido eclesial é uma Igreja que retrocede. Eis o problema de hoje, de muitos que se dizem tradicionais", disse o papa Francisco na entrevista coletiva que deu no voo de volta do Canadá a Roma, no sábado (30), em resposta a uma pergunta sobre a possibilidade de a Igreja rever a proibição a métodos contraceptivos artificiais.

Durante a entrevista coletiva no voo de volta do Canadá a Roma, em 30 de julho Claire Giangravé, da agência de notícias Religion News Service (RNS), disse que "muitos católicos, mas também muitos teólogos, acham que há necessidade de certa abertura da Doutrina da Igreja, no que se refere aos anticoncepcionais."

O papa são Paulo VI, na encíclica Humanae vitae, de 1968, estabeleceu a doutrina da Igreja Católica, que proíbe totalmente o uso de qualquer método anticoncepcional artifical.

A doutrina entrou no Catecismo da Igreja Católica que, no número 2.370, diz que "é intrinsecamente má qualquer ação que, quer em previsão do ato conjugal, quer durante a sua realização, quer no desenrolar das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação".

O número 2.399 acrescenta que "a legitimidade das intenções dos esposos não justifica o recurso a meios moralmente inadmissíveis (por exemplo, a esterilização direta ou a contracepção)".

"O dogma e a moral são sempre um caminho em desenvolvimento", disse o papa Francisco em sua resposta à RNS.

"A tradição é, exatamente, a raiz, a inspiração para progredir na Igreja, sempre de modo vertical. O "atraso" significa retroceder, permanecer fechados. É importante entender bem o papel da tradição: ela está sempre aberta; é como a seiva das raízes que faz uma árvore crescer", disse ele.

Para o papa Francisco, "quem concebe a tradição como uma coisa fechada, é contrário à tradição cristã... a tradição é como a seiva das raízes que faz crescer sempre mais e mais".

Para o papa, essas pessoas "não são tradicionais, são 'antiquados', vão para trás, sem raízes". Essa atitude "é um pecado porque não caminha adiante com a Igreja", disse.

Francisco disse que para o desenvolvimento das questões morais "há uma regra que é muito clara e iluminadora, que já disse em outra ocasião". Citando são Vicente de Lérins, ele disse que "a verdadeira doutrina, para ir adiante e se desenvolver, não deve ficar calada".

"Por isso, o dever dos teólogos é pesquisar, fazer uma reflexão teológica", disse o papa. "O desenvolvimento teológico deve ser aberto, por isso existem os teólogos, e o Magistério deve ajudar a compreender os limites".

Francisco se referia a um documento publicado recentemente sobre um seminário promovido pela Pontifícia Academia para a Vida, no qual teólogos, filósofos e especialistas discutiram o uso de métodos contraceptivos em determinadas circunstâncias.

O seminário aconteceu em 2021, e na semana passada foi publicado o livro Ética Teológica da Vida: Escritura, Tradição e Desafios Práticos (em tradução livre. O livro só foi publicado em italiano), que compila o que foi apresentado neste seminário.

Segundo o papa, "os que participaram deste congresso cumpriram o seu dever, porque tentaram dar um passo adiante na doutrina, mas em sentido eclesial".

Francisco falou que "muitas coisas mudaram. Pense, por exemplo, na questão das armas atômicas: declarei, oficialmente, que o uso e a posse de armas atômicas são imorais; pense na pena de morte".

"Hoje, podemos dizer, que estamos próximos à imoralidade, porque a consciência moral se desenvolveu bem", disse ele.

Na Humanae vitae, são Paulo VI adverte que entre as consequências da contracepção estão a "infidelidade conjugal" e "a degradação geral da moralidade".

"É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada", diz Paulo VI na Humanae Vitae.

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