BERLIM, Aug 4, 2022 / 11:55 am
Para o cardeal Gerhard Müller, prefeito emérito do Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé, o Caminho Sinodal Alemão estava "condenado desde o início, só que seus iniciadores ainda não perceberam". Müller fez o comentário em entrevista à CNA Deutsch e à EWTN Vatican em Roma.
O Caminho Sinodal alemão é um processo de discussão entre bispos e leigos iniciado em dezembro de 2019 que trata de exercício do poder na Igreja, sacerdócio, papel das mulheres e moral sexual. Documentos aprovados nas reuniões do caminho sinodal já aprovaram a sugestão de acabar com o celibato sacerdotal, ordenar mulheres, e mudar a moral sexual da Igreja especialmente no que se referee à homossexualidade.
Na entrevista, o cardeal Müller disse que o Caminho Sinodal alemão não tem nada a ver com "sinodalidade" nem com um "caminho", mas sim com uma "organização política" que se considera "na vanguarda da Igreja universal".
"A Revelação é confiada à Igreja para ser fielmente preservada e não como o Caminho Sinodal quis fazer desde o início, ou seja, como uma assembleia que de alguma forma teria o direito e a autoridade de ir além da constituição sacramental da Igreja e reinterpretar a Revelação", explicou Müller.
"O que eles buscam só gera divisão", lamentou.
O cardeal também criticou a resposta do Caminho Sinodal, assinada por seus dois presidentes, dom Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal, e pela presidente do Comitê de Católicos Alemães (ZdK), Irme Stetter-Karp, que questionava a Santa Sé com " irritação" por seu comunicado.
Em 21 de julho de 2022, a Santa Sé publicou um comunicado no qual diz que o Caminho Sinodal poderia ser "uma ferida à comunhão eclesial e uma ameaça à unidade da Igreja", e que não pode estabelecer novas formas de governo ou mudanças de doutrina.
O cardeal Müller disse que a declaração do Caminho Sinodal é "intolerável" e "na realidade não tem nada a ver com sinodalidade e colegialidade, e não mostra respeito pelo ministério episcopal".
Nos últimos dias, a presidente do ZdK foi criticada por manifestar publicamente seu apoio ao aborto em um artigo publicado no jornal alemão Die Zeit.
Müller disse que "quem apoia estes crimes para toda a população não pode ser um reformador da Igreja".
"Afinal – continuou Müller – a Igreja não é objeto de nossa reforma. A Igreja foi fundada por Cristo, não pode ser reformada porque é insuperável; só nós podemos trilhar o caminho e esse caminho é o do arrependimento e da renovação".
"Temos que nos reformar e nos renovar em Jesus Cristo e assim responder aos desafios de hoje", concluiu.
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