LONDRES, Aug 8, 2022 / 10:14 am
Archie Battersbee, inglês de 12 anos, morreu no sábado (6) em consequência do desligamento do respirador que o mantinha vivo. A família não conseguiu impedir na Justiça que os médicos desistissem de lutar pela vida de Battersbee.
"Posso dizer que sou a mãe mais orgulhosa do mundo! Um menino tão bonito que lutou até o fim", disse Hollie Dance, mãe de Battersbee em frente ao Royal London Hospital, onde ele morreu, aos jornalistas que acompanhavam o caso. "Tenho muito orgulho de ser mãe dele".
Battersbee esteve em coma com um respirador desde abril deste ano, quando foi encontrado inconsciente com uma ligadura em volta do pescoço, provavelmente como parte de um desafio feito nas redes sociais.
Os médicos de Battersbee no Royal London Hospital alegaram que o menino, cujo coração ainda estava batendo, estava "provavelmente" com morte cerebral.
Um juiz do Tribunal Superior do Reino Unido atendeu o pedido dos médicos para fazer um exame que constatasse a morte, mas ele não foi feito porque os médicos determinaram que havia o risco de produzir um resultado falso negativo.
A família, que se opôs ao exame de tronco cerebral por achar muito perigoso, argumentou que Battersbee precisava de mais tempo para se recuperar, na medida do possível.
A família apresentou evidências em vídeo que, segundo eles, mostravam Battersbee chorando e segurando a mão de sua mãe.
Em uma sentença de 13 de junho, o juiz do Supremo Tribunal disse que as evidências não eram convincentes e ordenou que os médicos removessem o menino do respirador, dizendo que as evidências médicas disponíveis mostravam que Battersbee estava com morte cerebral desde 31 de maio. Um tribunal de apelações confirmou a decisão.
Na semana passada, os pais de Battersbee fizeram a última tentativa judicial disponível, mas o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) se recusou a intervir no caso.
"Mais uma vez, nosso país falhou com um menino de 12 anos", disse Dance, segundo a BBC.
Especialistas em bioética católicos condenaram a decisão do hospital de desconectar Battersbee. Antes de sua morte, o Centro de Bioética Anscombe, com sede no Reino Unido, emitiu um comunicado dizendo: "Parece extraordinário que as questões de vida e morte sejam questões de um equilíbrio de probabilidade e não de determinação além de uma dúvida razoável".
Archie Battersbee foi batizado católico antes de morrer
O centro de bioética divulgou um comunicado após o anúncio da morte de Archie.
"A batalha judicial sobre os cuidados de Archie Battersbee é o exemplo mais recente de como a morte de crianças é complicada pelo conflito não resolvido entre pais e autoridades hospitalares. Parece claro que há sérios problemas com a atual abordagem clínica, interpessoal, ética e legal para essas situações", disse o comunicado.
"O trágico caso de Archie Battersbee deve levar a uma reforma para que tais conflitos possam ser evitados no futuro", disse o centro.
"Nossos últimos pensamentos e orações estão com a família de Archie e com o próprio Archie. Que a sua alma e as almas de todos os fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz", conclui o comunicado.
Em depoimento no tribunal, uma porta-voz da família descreveu a família de Battersbee como "vagamente cristã". Battersbee, no entanto, foi atraído pelo cristianismo porque viu artistas marciais mistos rezarem antes de entrar no ringue, disse a porta-voz.
"Archie começou a usar uma pequena cruz e o anel de são Cristóvão nos dois anos anteriores ao acidente", afirma a sentença do Tribunal Superior de 13 de junho.
"Archie estava falando sobre ser batizado e queria que sua mãe o levasse a um serviço religioso na igreja no Natal. Isso levou a família a batizar Archie enquanto ele estava inconsciente. A mãe, o irmão e a irmã de Archie foram batizados no domingo de Páscoa no hospital", afirma a sentença.
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