24 de novembro de 2024 Doar
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Não podemos salvar a casa comum sem cuidar e amar os pobres, diz papa Francisco

Papa com jovens | Vatican Media

O papa Francisco se reuniu em Assis, Itália, com jovens economistas e empresários no primeiro encontro presencial da Economia de Francisco, evento no qual ele falou da urgência de desenvolver uma economia que respeite o meio ambiente e coloque os pobres no centro.

"Como estou na cidade de são Francisco, não consigo parar de falar sobre pobreza. Desenvolver uma economia inspirada nele significa comprometer-nos a colocar os pobres no centro. Começando por eles, olhamos para a economia; a partir deles, olhamos o mundo", disse o papa Francisco no sábado (24) durante seu discurso aos jovens.

Francisco disse que "não há 'Economia de Francisco' sem respeito, cuidado e amor pelos pobres, por cada pessoa frágil e vulnerável – desde a concepção no útero até o paciente com deficiência, inclusive os idosos em dificuldade".

"Eu iria ainda mais longe: uma economia de Francisco não deve se limitar a trabalhar para ou com os pobres. Enquanto nosso sistema 'produzir' descartados, e nós operarmos de acordo com esse sistema, seremos cúmplices de uma economia que mata", disse.

O apelo do papa para mudar a economia mundial

Durante o encontro que aconteceu no Teatro Lyrick de Assis com pessoas de mais de 100 países, o papa disse que "com a ajuda de Deus" e vendo o mesmo chamado em outros jovens, poderão "mudar um sistema enorme e complexo como a economia mundial".

"Nossa geração deixou-lhes um rico patrimônio, mas falhamos em proteger o planeta e não estamos garantindo a paz. Vocês são chamados a se tornarem artesãos e construtores de nossa casa comum, uma casa comum que está 'caindo se arruinando'".

Francisco disse que uma "nova economia, inspirada em Francisco de Assis, hoje pode e deve ser uma economia amiga da terra e uma economia de paz".

"Há muitas pessoas, empresas e instituições que estão fazendo uma reconversão ecológica. Temos que continuar neste caminho e fazer mais. A terra arde hoje, e hoje temos de mudar, a todos os níveis", disse.

O papa também falou sobre a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis e fazer sacrifícios em estilos de vida que "continuem insustentáveis".

O compromisso com uma economia centrada nos pobres

O papa disse aos presentes que nem todas as soluções ambientais têm os mesmos efeitos sobre os mais pobres, por isso "devem ser preferidas as que reduzem a miséria e a desigualdade".

"Quando tentamos salvar o planeta, não podemos ignorar o homem e a mulher que sofrem. O dióxido de carbono não é a única poluição que mata; a desigualdade também danifica fatalmente nosso planeta", disse.

O papa falou de são Francisco de Assis, que "amava não só os pobres, mas também a própria pobreza".

"Francisco foi até os leprosos não tanto para amá-los, mas porque queria ficar pobre como eles. Seguindo Jesus Cristo, despojou-se de tudo para se tornar pobre com os pobres. De fato, a primeira economia de mercado nasceu no século XIII na Europa através do contato diário com os frades franciscanos, amigos dos primeiros comerciantes".

"Essa economia certamente criava riqueza, mas não desprezava a pobreza. Nosso capitalismo, por outro lado, quer ajudar os pobres, mas não os respeita; não compreende o paradoxo da bem-aventurança: 'Bem-aventurados os pobres' (cf. Lc 6,20)", acrescentou.

O papa Francisco exortou a combater a pobreza "criando trabalho digno".

"Todos nós, empresários e economistas, devemos começar: vivendo os paradoxos evangélicos de Francisco", disse.

"Na época medieval, o movimento franciscano foi capaz de criar as primeiras teorias econômicas e até os primeiros bancos para os necessitados (Monti di Pietà), porque olhava o mundo com os olhos dos mais pobres dos pobres" disse Francisco.

Para Francisco, "a economia melhorará se olharem as coisas do ponto de vista das vítimas e dos descartados".

"Para ter os olhos dos pobres e das vítimas, é preciso conhecê-los, ser seus amigos. E acreditem em mim, se vocês se tornarem amigos dos pobres, vocês compartilharão a vida deles, terão uma participação no Reino de Deus, porque Jesus disse que deles é o Reino de Deus", disse.

Segundo Francisco, "sem trabalho digno e remuneração justa, os jovens não se tornarão verdadeiros adultos e a desigualdade aumentará".

"É possível, às vezes, que uma pessoa sobreviva sem emprego, mas não vive bem. Por isso, enquanto criam bens e serviços, não se esqueçam de criar trabalho, bom trabalho e trabalho para todos."

No final do encontro, o papa Francisco fez a leitura e assinatura do "pacto" da Economia de Francisco, e pronunciou uma oração final antes de voltar ao Vaticano.

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Oração final do encontro "Economia de Francisco"

"Pai, pedimos seu perdão por ferir gravemente a terra, por não respeitar as culturas indígenas, por não estimar e amar os mais pobres, por criar riqueza sem comunhão. Deus vivo, que por seu Espírito inspirou os corações, os braços e as mentes destes jovens e os colocou em direção a uma terra prometida, olha com bondade para sua generosidade, seu amor, sua disposição para passar a vida por um grande ideal. Abençoe-os em seus esforços, seus estudos, seus sonhos; acompanhe-os em suas dificuldades e sofrimentos, ajude-os a transformá-los em virtude e sabedoria. Apoiá-los em seus desejos de bondade e vida, sustentá-los em suas decepções diante de maus exemplos, não desanimar e continuar em seu caminho. Senhor, cujo Filho unigênito se tornou carpinteiro, dá-lhes a alegria de transformar o mundo com amor, inteligência e mãos. Amém".

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