22 de dezembro de 2024 Doar
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Presidente da Nicarágua diz que a Igreja é “a ditadura perfeita”

O presidente da Nicarágua e ex-guerrilheiro Daniel Ortega | Flickr Office of the President, Republic of China (Taiwan) | Government Website Open Information Announcement (CC BY 2.0

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, disse que a Igreja Católica é "a ditadura perfeita", durante um ato público ontem (28), em Manágua, capital do país.

Em seu discurso pelos 43 anos da Polícia Nacional, Ortega disse: "Quem elege os padres, os bispos, o papa, os cardeais, quantos votos, de quem? Se querem ser democráticos, que comecem a eleger o papa, os cardeais, os bispos, com o voto de todos os católicos".

"Tudo (na Igreja) é imposto. É uma ditadura perfeita, uma tirania perfeita", disse o ex-guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder no país.

Depois de chamar o papa de "santo tirano", o ditador da Nicarágua perguntou: "Com que autoridade me falam de democracia? Quantos votos o bispo teve da população para ser nomeado bispo?"

Não é a primeira vez que Ortega atacou publicamente a Igreja Católica. Em setembro de 2021, ele insultou os bispos católicos, chamando-os de "terroristas", "demônios de batina" e "idiotas satânicos".

Naquela ocasião, assim como no evento de ontem, Ortega acusou os bispos de estarem por trás dos protestos de 2018 e de promoverem um "golpe de Estado" contra ele.

As declarações de Ortega se deram quase duas semanas depois que o papa Francisco disse que há diálogo com o governo da Nicarágua, embora "agora haja problemas".

A perseguição da ditadura da Nicarágua contra a Igreja Católica

As palavras de Ortega contra a Igreja foram pronunciadas um dia depois que a paróquia Santa Lucía-Boaco, da diocese de Granada, informou que "o governo da Nicarágua negou o reingresso ao país ao nosso pároco, padre Guillermo Blandón".

Em 11 de setembro, o jornal La Prensa noticiou que o Escritório de Imigração da Nicarágua impediu o padre Juan de Dios García, vigário da paróquia de Santo Cristo de las Colinas, de retornar ao país depois de ter viajado aos Estados Unidos.

No dia 19 de agosto, a polícia prendeu dom Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa, e o levou para Manágua, onde permanece em prisão domiciliar.

Junto com dom Álvarez foram presos os padres Ramiro Tijerino, José Luis Diaz, Sadiel Eugarrios e Raúl González, os seminaristas Darvin Leyva e Melquín Sequeira, e o cinegrafista Sergio Cárdenas, todos da diocese de Matagalpa. Eles estão na prisão El Chipote, em Manágua, conhecida como centro de tortura dos opositores do regime de Ortega. O padre Oscar Benavidez, da diocese de Siuna, também está preso lá.

A Nicarágua também expulsou as Missionárias da Caridade, fundadas por santa Teresa de Calcutá e as Religiosas da Cruz do Sagrado Coração de Jesus.

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