BOGOTÁ, Dec 7, 2005 / 15:24 pm
A diocese de Quibdó, no litoral Pacífico colombiano, recebeu o Prêmio Nacional de Paz, em reconhecimento ao trabalho pastoral que a Igreja desempenha nesta região habitada em sua maioria por população negra e indígena.
O Bispo desta diocese, Dom Fidel León Cadavid, informou que em Quibdó aumentou notoriamente o conflito social e armado e este reconhecimento evidencia que a "Igreja só tratou que responder a esta situação", porque "é com a verdade que contribuímos à paz e a verdade não tem meias tintas", assinalou o Prelado.
Com o Prêmio Nacional de Paz, as organizações convocantes –o Programa de Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUND, a Friedrich Ebert Stiftung na Colômbia (Fescol), e os meios de comunicação El Tiempo, El Colombiano, revista Semana e Caracol– reconheceram o forte trabalho que a Igreja faz para responder a grave crise humanitária e social de Chocó, região onde se localiza a diocese.
Uma diocese marcada pela violência
A diocese de Quibdó tem 22 paróquias, 31 sacerdotes, 60 religiosas e cerca de 90 leigos. Desde sua criação em 1990 atende com projetos sociais e econômicos às comunidades negras e indígenas (210 mil paroquianos). Em 1996, quando o território começou a ser disputado pelos grupos armados, aumentou o trabalho com a população afetada pela violência e os cerca de 40 mil desabrigados da zona.
Para o Dom Cadavid, um dos momentos mais críticos da diocese foi maio de 2002, quando em um combate com um grupo inimigo, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), lançaram explosivos sobre uma igreja em que se refugiavam os habitantes da população de Bojayá. O ataque deixou um saldo de 119 mortos. Além disso, a diocese também presenciou o assassinato dos sacerdotes Jorge Luis Mazo e Miguel Angel Quiroga e o cooperador espanhol Íñigo Egiluz.
O Diretor de Pastoral Social, Pe. Albeiro Parra, explicou que a "posição desta diocese não é neutra. Estamos do lado das vítimas e denunciamos qualquer violação venha de onde vier. Nossa aposta é pela defesa da vida e o território de comunidades ameaçadas pelo Estado, os grupos armados e os megaprojetos. Nós não somos os protagonistas".
O Pe. Parra explicou que têm "uma visão política clara" em que estando ao lado das vítimas" conseguem compartilhar entre as capelas um mesmo plano pastoral, levando a mensagem do Senhor e da Igreja como uma opção pela vida, os pobres, o diálogo inter-religioso, a defesa do território e os recursos, tudo com uma opção étnica caracterizada pelo respeito às tradições negras e indígenas do lugar.
Finalmente, Dom Cadavid animou o trabalho da diocese assinalando que "onde tudo feito, não há muito por fazer. E onde tudo está por fazer, os campos de ação se abrem".
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