21 de novembro de 2024 Doar
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Cristãos de Moçambique mantêm fé e esperança apesar do terrorismo

Habitantes de Moçambique, Cabo Delgado | Ajuda à Igreja que Sofre.

"A guerra e a pobreza são coisas do passado?" Com este título, a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) promoveu uma entrevista coletiva sobre a situação dos cristãos perseguidos pelos muçulmanos em Moçambique. Graças à colonização portuguesa, 54% dos moçambicanos são cristãos.

Segundo a ACN, em outubro de 2017 começaram a surgir grupos de jovens terroristas islâmicos. Naquela época, houve quase 4 mil mortes e centenas de milhares de pessoas deslocadas.

Uma paz que nunca veio

O bispo de Nacala, Moçambique, dom Alberto Vera Aréjula, de nacionalidade espanhola e pertencente à Ordem de Nossa Senhora da Misericórdia, está no país africano há mais de 23 anos. Ele tem 65 anos e esteve no funeral da irmã Maria Coppi, a missionária comboniana morta em Moçambique há um mês.

Aréjula disse na entrevista coletiva que hoje (4) faz 30 anos do acordo de paz em Moçambique, mas, não há paz e Moçambique está em guerra há quase cem anos.

Segundo o bispo, a situação começou em 2010. "Líderes muçulmanos já alertavam que algo estava mudando dentro das mesquitas, onde chegavam jovens, que tinham sido enviados para estudar em países muçulmanos, com ideias fundamentalistas, condenando até as suas próprias famílias e pais", disse.

Ataque à missão Chipene

Aréjula lembrou também que no dia 4 de setembro os terroristas mataram uma pessoa em Naputo e foram para a missão de Chipene, onde estava a freira comboniana Maria de Coppi. "Lá, 20 terroristas queimaram a casa das missionárias e a freira foi baleada na cabeça."

No sábado passado, dom Alberto viajou a Chipene, onde se encontrou com o pároco e visitou diferentes comunidades e as pessoas que sofreram esta violência.

"O quarto das irmãs estava todo em cinzas", disse. "Havia mais de mil pessoas na missa que celebramos e ficamos muito impressionados, pois participaram apesar do medo. Diante do que aconteceu, o povo se levanta e não podemos ficar de braços cruzados", acrescentou.

"Esta é a primeira vez que eles destruíram uma missão. Fizeram isso por causa da repercussão internacional, depois que o governo disse que os terroristas estavam controlados", disse o bispo.

"Deus nos ensinou o perdão e temos que continuar de pé. Vejo tantas crianças e mulheres e ouvi que diziam às irmãs 'por favor, não vão embora, não nos deixem, se vocês nos deixarem sozinhos, o que vamos fazer'".

Ele também disse que "o medo e o terror causados ​​por tal ação deram origem a 60 mil deslocados. Depois de quase um mês alguns voltaram, mas com bastante medo. A guerra está presente, a pobreza sempre existiu e há muita desnutrição infantil e aumento de doenças".

"Muitos jovens são capturados com dinheiro através do mundo digital. Muitos jovens, não só muçulmanos, aderiram e estão lutando com grupos terroristas, porque não têm outra saída", disse ele.

"O trabalho que temos a fazer é educar e criar oportunidades para os jovens", disse.

Dom Alberto disse que há a possibilidade de abrir um processo de canonização por martírio para irmã Maria de Coppi.

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