15 de dezembro de 2024 Doar
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Dois padres mortos pelos nazistas são declarados beatos

A Igreja Católica tem dois novos beatos, os padres italianos Giuseppe Bernardi e Mario Ghibaudo, mortos em 19 de setembro de 1943, depois de decidirem ficar com seus fiéis apesar da ameaça nazista.

A beatificação dos mártires foi celebrada ontem (16), pelo prefeito do dicastério para as Causas dos Santos, cardeal Marcelo Semeraro, em Madonna dei Boschi, em Boves, Itália.

Segundo o site do dicastério, o martírio de padre Bernardi, pároco de Boves, e de seu vice-pároco, padre Ghibaudo, aconteceu após o armistício de 8 de setembro de 1943, que levou à capitulação da Itália às forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial.

Isso os converteu em inimigos dos nazistas que controlavam o centro-norte da Itália. A cidade de Boves, na província de Cuneo, "estava em um ponto de concentração das forças alemãs que tentavam impedir a fuga dos militares italianos".

A tragédia de Boves aconteceu após um confronto entre soldados alemães e a resistência italiana, que culminou na morte de um militar de cada lado e na captura de dois nazistas pela resistência italiana.

Depois disso, chegou um reforço alemão sob o comando do major Joseph Peiper, que ameaçou destruir a cidade se não libertassem seus soldados e entregassem o corpo do militar morto.

Giuseppe Bernardi e o cidadão Antonio Vassallo foram convocados pelo oficial nazista como intercessores.

Mesmo tendo obtido a libertação de seus soldados e a entrega do cadáver, os alemães ordenaram a destruição da cidade em 19 de setembro com os moradores que não conseguiram fugir. Entre os 24 mortos estavam padre Bernardi e Vassallo.

No mesmo dia, padre Ghibaudo, ciente do que iria acontecer, dedicou-se a salvar as crianças do orfanato e outros moradores de Boves. Por volta das 16h30, ele se aproximou de um homem ferido por nazistas e que estava agonizando.

Enquanto estava administrando a absolvição, foi atingido por uma explosão. Ainda ferido, foi morto com uma facada por um soldado.

Homilia do cardeal Semeraro

Em sua homilia, o cardeal Marcelo Semeraro relembrou o episódio do Antigo Testamento em que Moisés mantém as mãos levantadas enquanto as tropas de Josué lutam contra os amalequitas. "Um gesto de intercessão em favor de Israel sofredor na luta", e que o Catecismo define como a "profecia da intercessão de Jesus na cruz", disse o cardeal.

Para ele, os novos beatos podem ser comparados "aos dois braços de Moisés, erguidos para interceder em favor" da Igreja em Cuneo, onde serviram até o martírio, pois a missão do sacerdote é essencialmente ser um intercessor.

O cardeal Semeraro disse que foi por amor aos fiéis que os padres Bernardi, de 46 anos, e Ghibaudo, de 23 anos, morreram. O primeiro decidiu não fugir para salvar a população, e o segundo morreu "enquanto exercia o ministério sacerdotal administrando a absolvição a um moribundo".

"Nossos dois beatos levantaram, como Moisés, suas mãos ao céu, intercedendo diante de Deus", disse.

Segundo o cardeal, "a intercessão é obra de todo cristão", assim como a oração por todos os homens. Trata-se da "última forma de responsabilidade cristã para com o mundo", afirmou.

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