MADRI, Dec 12, 2005 / 13:20 pm
Faz uns dias começou a rodagem de um polêmico filme que, segundo antecipa com aplausos a imprensa socialista, apresentaria uma versão ofensiva de Santa Teresa de Jesus, mostrando-a como uma feminista revolucionária sexual que descrevia suas experiências místicas como “orgasmos carnais”.
O jornal socialista El País, porta-voz oficioso do PSOE, publicou uma nota cheia de elogios sobre o novo filme do roteirista e diretor Ray Loriga. A sinopse oficial que circula nos sítios dedicados ao cinema espanhol anuncia o filme como a história de uma mulher “que não se conforma com o destino que lhe apresenta: Casar-se com um cavalheiro. Ingressa em um convento de clausura e desde esses muros inicia uma cruzada de oração e sacrifício que a convertem primeiro em uma rebelde e uma louca, mais tarde em uma líder e, finalmente em uma Santa. Esta é a crônica de uma mulher única para um tempo difícil. Uma mulher excepcional que nunca foi uma mártir. Uma mulher formosa e forte que fez história”.
Entretanto, El País descreve uma das cenas já rodadas assim: “Aparece Santa Teresa no claustro vestida com o hábito branco desenhado pela japonesa Eiko Ishioka e dá vontade de arrancá-lo. O vestido é uma beleza e Paz Vega (atriz que encarna a Santa Teresa) está arrebatadora, morbidamente sexy, dentro dessa gaveta de seda com um crucifixo bordado”.
O diário entrevista declarações de Loriga que não deixam lugar a dúvida alguma. O cineasta coloca que esta versão “quis fugir da Santa Teresa dos 'santinhos' para aproximar-se a fundo a essa Teresa ‘mulher, humana, sexual, revolucionária, feminista, inteligente e loquaz’”.
“Teresa foi uma das primeiras mulheres da história que se negou a aceitar os papéis femininos que lhe ofereciam a sociedade e a Igreja. Não quis ser nem María Madalena nem a Virgem María, esses dois arquétipos monstruosos; nem tampouco algema e mãe escrava. Por isso escreveu 'a liberdade está na cela'. Mas o que a fez extraordinária de verdade foi sua capacidade para expressá-lo tudo, a sexualidade, o amor, a mística, a política”, sustenta Loriga.
Segundo Loriga, “ela pôs o dedo nas feridas da Igreja, que ainda doem hoje. Falou do papel da sexualidade; protestou pela atroz situação da mulher dentro da Igreja, advogou por uma Igreja sem classes nem pobres nem ricos, e trouxe à luz o balanço entre o poder político e o poder espiritual da Igreja; e o bonito é que algumas dessas batalhas ganhou”.
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