2.500 membros da Família Sodálite celebraram 40 anos do Concílio

LIMA, Dec 12, 2005 / 14:06 pm

Em um clima emotivo e festivo, mais de dois mil e 500 membros da Família Sodálite celebraram neste sábado na capital peruana o 40 Aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II.

O evento, realizado no Centro Pastoral "Santa Maria da Evangelização", começou com a projeção de um vídeo sobre a convocação, realização, encerramento e projeções do Concílio Vaticano II.

Com imagens originais das diversas sessões, da participação do Beato Papa João XXIII e posteriormente do Papa Paulo VI na conclusão solene, o vídeo explicou em seguida a projeção do Concílio no apostolado laico e seu papel decisivo na inspiração de realidades eclesiásticas como a Família Sodálite.

Depois do vídeo tomou a palavra o Fundador da Família Sodálite, Luis Fernando Figari, quem começou destacando o valor decisivo do Concílio Vaticano II na vida da Igreja atual, e a importância de celebrar "de maneira intensa e vital este aniversário, que por Providência divina coincide com a solenidade da Imaculada Conceição".

"Discordo energicamente daqueles que acreditam que os males da Igreja atual se devem ao Concílio Vaticano II", destacou Luis Fernando; e assinalou que possivelmente quem sustenta esta postura o faz "como conseqüência da dor que lhes produz ver os males reais que existem na Igreja de hoje".

O Fundador, entretanto, explicou como os males na Igreja e o mundo de hoje se devem a um "processo e secularização" que finca suas raízes históricas na decadência do pensamento ocidental, cujas conseqüências já se vinham expressando no mundo e na vida da Igreja antes do Concílio "e precisamente às que o Concílio queria responder".

Nesta passagem de sua conferência Luis Fernando denunciou o papel destrutivo daqueles que "manipularam os documentos do Concílio e lhe fizeram dizer coisas que o Concílio nunca disse".

Também de uma perspectiva histórica, Luis Fernando Figari assinalou que o dinamismo central do Concílio devia se descrever "como um processo de renovação em continuidade", pois "o Concílio não foi uma ruptura na vida da Igreja", mas um evento cuja preparação tinha sido laboriosamente preparada no seio da Igreja, especialmente pelo predecessor do Papa João XXIII; o Papa Pio XII.

Luis Fernando relatou então como o Concílio, "que se inaugurou quando eu era apenas um adolescente", foi influindo em sua vida, na medida em que se ia familiarizando com os diversos documentos, começando pela Apostolicam Actuositatem "que me fascinou com seu chamado à missão dos leigos de dar testemunho não só com o trabalho, mas também com toda sua vida, e com o anúncio explícito da Boa Nova"; até a Gaudium et Spes, que em seu número 22, "dá-nos essa maravilhosa chave antropológica, de que é Deus quem revela ao homem sua própria natureza".

"Estou firmemente convencido de que nossa comunidade é fruto direto do Concílio Vaticano II", disse Luis Fernando, antes de concluir exortando aos presentes a aproveitar o Aniversário "para reler os documentos conciliares, ou para lerem, aqueles mais jovens que ainda não os leram".

A exposição conclusiva do evento esteve a cargo do Dom. Alcides Mendoza Castro, Arcebispo emérito do Cusco (Peru) e quem aos 30 anos se tornou o bispo mais jovem do mundo e aos 34 o mais jovem a assistir ao Concílio Vaticano II.

Intercalando emotivas passagens de sua própria vocação sacerdotal nos Andes peruanos e ilustrativas anedotas, Dom Mendoza explicou passo a passo as sessões do Concílio, o papel que teve, primeiro o beato Papa João XXIII, depois o Papa Paulo VI e em seguida "esse grande ator do Concílio, o episcopado mundial", na elaboração dos diversos documentos.

Dom Alcides se mostrou maravilhado de como sendo um bispo tão jovem "Deus me concedeu o dom de participar de um evento tão formoso, tão importante na vida da Igreja", e assinalou que "como assinalou Luis Fernando, os males na Igreja não foram produto do Concílio, mas sim da distorção e a manipulação dos documentos do Concílio… eu fui testemunha direta disso".

O Arcebispo emérito de Cusco concluiu com uma sentida afirmação: "creio firmemente que a Família Sodálite é uma jóia preciosa engastada na coroa da Apostolicam Actuositatem".