23 de dezembro de 2024 Doar
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Proposta do Caminho Sinodal alemão gera escândalo e confusão, diz prefeito do Dicastério dos Bispos

Cardeal Marc Ouellet | Eduardo Berdejo (ACI Prensa)

O cardeal Marc Ouellet, prefeito do Dicastério dos Bispos no Vaticano, disse que a proposta do Caminho Sinodal alemão fere a Igreja, causa escândalo e semeia dúvidas e confusão.

Na apresentação "Voltar ao espírito dos Atos dos Apóstolos", o cardeal falou aos bispos alemães no dia 18 de novembro, como parte de sua visita ad limina ao Vaticano.

No texto publicado na quinta-feira (24) no jornal da Santa Sé, o cardeal Ouellet disse que as propostas do Caminho Sinodal Alemão "suscitam graves dificuldades do ponto de vista antropológico, pastoral e eclesiológico".

Depois de dizer que muitos alertaram sobre um "cisma latente" no Caminho Sinodal, Ouellet advertiu que estas propostas parecem ter surgido "de uma pressão cultural e midiática muito forte".

O Caminho Sinodal Alemão é um processo de discussão entre bispos e leigos iniciado em dezembro de 2019 sobre exercício do poder na Igreja, sacerdócio, papel das mulheres e moral sexual. Documentos aprovados nas reuniões do caminho sinodal já defenderam acabar com o celibato sacerdotal, ordenar mulheres, e mudar a moral sexual da Igreja especialmente no que se refere à homossexualidade.

Ouellet disse aos bispos alemães que "é surpreendente que a agenda de um grupo limitado de teólogos de algumas décadas atrás seja agora a proposta majoritária do episcopado alemão".

Este grupo, lamentou o cardeal, promove a "abolição do celibato, ordenação de viri probati (N.d.R: homens justos casados), acesso das mulheres ao ministério ordenado, revalorização moral da homossexualidade, limitação estrutural e funcional do poder hierárquico, consideração da sexualidade inspirada pela teoria de gênero, propostas de mudanças importantes no Catecismo da Igreja Católica, etc."

Para Ouellet, "ao avaliar o conjunto de propostas, temos a impressão de que não estamos apenas diante de uma interpretação mais ampla da disciplina ou da moral católica, mas de uma mudança fundamental que suscita sérias preocupações".

O cardeal também disse que as propostas do Caminho Sinodal, que também incluem a bênção de uniões homossexuais, apesar da proibição explícita da Santa Sé, "ferem a comunhão eclesial porque semeiam dúvida e confusão no povo de Deus".

"Recebemos todos os dias testemunhos espontâneos que lamentam o escândalo causado aos pequenos por esta proposta inesperada em ruptura com a tradição católica", lamentou o prefeito do Dicastério dos Bispos.

Depois de recordar que todo bispo deve estar cum et sub Petro, ou seja, com o papa e sob sua autoridade, o cardeal lamentou que os bispos alemães não tenham aceitado a carta do papa Francisco de 2019 como um "guia para o método sinodal", mas apenas como uma "referência espiritual", então "agora vemos as consequências".

Em 29 de junho de 2019, o papa Francisco enviou uma carta à Igreja Católica na Alemanha, na qual diz que compartilha sua preocupação com o futuro, alerta sobre a "decadência da fé" e encoraja a não assumir a situação atual com "passividade ou resignação", exortando também a intensificar "a oração, a penitência e a adoração".

Em sua apresentação, o cardeal também disse aos bispos alemães que "surpreende a atitude assumida diante da decisão definitiva de são João Paulo II sobre a impossibilidade de a Igreja Católica proceder à ordenação sacerdotal de mulheres", estabelecida em 1994 na carta Ordinatio Sacerdotalis Apostólica.

Nesse texto, o papa santo declarou que "a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja".

Moratória do Caminho Sinodal

O cardeal disse aos bispos alemães no Vaticano que, devido às atuais tensões e circunstâncias, "nos parece necessária uma moratória sobre as propostas apresentadas e uma revisão substancial depois, à luz dos resultados do Sínodo romano" sobre a sinodalidade cuja fase final será em duas etapas, em 2023 e 2024 em Roma.

"O motivo fundamental desta moratória é a preocupação pela unidade da Igreja, sustentada pela unidade dos bispos em comunhão com Pedro", disse o prefeito do Dicastério dos Bispos.

"Apoiar esta proposta polêmica de um episcopado em dificuldade geraria mais dúvidas e confusão no povo de Deus", disse.

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