Vaticano, Dec 1, 2022 / 14:03 pm
O papa Francisco escreveu em 2019 a carta apostólica Admirabile signum sobre o significado e o valor do presépio para a celebração do nascimento do Menino Jesus.
1. O presépio é como um "Evangelho vivo"
A representação do nascimento de Jesus "é como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura" para convidar os homens a "colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d'Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem".
O evangelista Lucas narra que Maria deu à luz "'ao seu filho primogênito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria'. Jesus é colocado numa manjedoura, que, em latim, se diz praesepium, donde vem a nossa palavra presépio".
2. O presépio remonta a são Francisco
Em 29 de novembro de 1223 são Francisco de Assis recebeu do papa Honório III em Roma a aprovação da regra franciscana.
"Aquelas grutas, depois da sua viagem à Terra Santa, faziam-lhe lembrar de modo particular a paisagem de Belém", escreveu o papa Francisco. "É possível que, em Roma, o Poverello de Assis tenha ficado encantado com os mosaicos, na Basílica de Santa Maria Maior, que representam a natividade de Jesus e se encontram perto do lugar onde, segundo uma antiga tradição, se conservam precisamente as tábuas da manjedoura".
Quinze dias antes do Natal daquele ano, em Greccio, Itália, o santo disse a um homem que queria "representar o Menino nascido em Belém" para "de algum modo ver com os olhos do corpo os incômodos que Ele padeceu pela falta das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha duma manjedoura, entre o boi e o burro". O homem realizou o desejo e no dia 25 de dezembro, junto com frades e outras pessoas, são Francisco encontrou a manjedoura com a palha, o boi e o burro.
"À vista da representação do Natal, as pessoas lá reunidas manifestaram uma alegria indescritível, como nunca tinham sentido antes", escreveu o papa. "Depois o sacerdote celebrou solenemente a Eucaristia sobre a manjedoura, mostrando também desse modo a ligação que existe entre a Encarnação do Filho de Deus e a Eucaristia. Em Gréccio, naquela ocasião, não havia figuras; o presépio foi formado e vivido pelos que estavam presentes".
3. O presépio manifesta a ternura de Deus
O papa pergunta em sua carta: "Por que motivo suscita o Presépio tanto enlevo e nos comove?". Não é só porque ajuda a "reviver a história sucedida em Belém", mas "porque manifesta a ternura de Deus", que sendo o Criador do universo, "abaixa-Se até à nossa pequenez".
Também disse que "desde a sua origem franciscana, o Presépio é um convite a 'sentir', a 'tocar' a pobreza que escolheu, para Si mesmo, o Filho de Deus na sua encarnação" e "um apelo ainda a encontrá-Lo e servi-Lo, com misericórdia, nos irmãos e irmãs mais necessitados".
4. No presépio, a criação participa na festa da vinda de Jesus
Na Admirabile signum, o papa Francisco revê os elementos que compõem o presépio que é montado nas casas, como o céu estrelado, as paisagens, os animais e os pastores, que recordam o que os profetas haviam anunciado, "que toda a criação participa na festa da vinda do Messias".
"Os anjos e a estrela-cometa são o sinal de que também nós somos chamados a pôr-nos a caminho para ir até à gruta adorar o Senhor"; da mesma forma, "os pastores tornam-se as primeiras testemunhas do essencial, isto é, da salvação que nos é oferecida".
5. A figura de Maria e o mistério da sua vocação
A respeito da imagem da Virgem Maria, o papa disse: "Maria é uma mãe que contempla o seu Menino e O mostra a quantos vêm visitá-Lo. A sua figura faz pensar no grande mistério que envolveu esta jovem, quando Deus bateu à porta do seu coração imaculado". "N'Ela, vemos a Mãe de Deus que não guarda o seu Filho só para Si mesma, mas pede a todos que obedeçam à palavra d'Ele e a ponham em prática", acrescentou.
6. A figura de são José como guardião da família
Francisco disse que "ao lado de Maria, em atitude de quem protege o Menino e sua mãe, está São José", representado com o bordão na mão e, às vezes, segurando um lampião.
"É o guardião que nunca se cansa de proteger a sua família" e que não hesita em partir perante a ameaça de Herodes. Foi o primeiro educador de Jesus na sua infância e adolescência; "e como homem justo que era, sempre se entregou à vontade de Deus e pô-la em prática".
7. "O coração do Presépio começa a palpitar quando se coloca a figura do Menino Jesus"
Em sua carta, o papa Francisco diz que "o coração do Presépio começa a palpitar, quando colocamos lá, no Natal, a figura do Menino Jesus", porque "assim Se nos apresenta Deus, num menino, para fazer-Se acolher nos nossos braços".
"Naquela fraqueza e fragilidade, esconde o seu poder que tudo cria e transforma. Parece impossível, mas é assim: em Jesus, Deus foi criança e, nesta condição, quis revelar a grandeza do seu amor, que se manifesta num sorriso e nas suas mãos estendidas para quem quer que seja", acrescentou.
8. Os Reis Magos nos lembram da nossa missão evangelizadora
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O papa também diz que, quando chega a festa da Epifania, há o costume de colocar as três figuras dos Reis Magos que vêm do Oriente para contemplar o Menino e dar -lhe ouro, incenso e mirra. Essa cena chama a "refletir sobre a responsabilidade que cada cristão tem de ser evangelizador".
Os Magos, homens sedentos pelo infinito, "ensinam que se pode partir de muito longe para chegar a Cristo".
"Não se deixam escandalizar pela pobreza do ambiente; não hesitam em pôr-se de joelhos e adorá-Lo. Diante d'Ele compreendem que Deus, tal como regula com soberana sabedoria o curso dos astros, assim também guia o curso da história, derrubando os poderosos e exaltando os humildes. E de certeza, quando regressaram ao seu país, falaram deste encontro surpreendente com o Messias, inaugurando a viagem do Evangelho entre os gentios", disse o papa.
9. O presépio "fala do amor de Deus"
O papa Francisco convida em sua carta apostólica a lembrar da infância, quando se espera impacientemente pela hora de começar a construir o presépio. "Estas recordações induzem-nos a tomar consciência sempre de novo do grande dom que nos foi feito, transmitindo-nos a fé; e ao mesmo tempo, fazem-nos sentir o dever e a alegria de comunicar a mesma experiência aos filhos e netos".
"Não é importante a forma como se arma o Presépio", disse o papa. "Pode ser sempre igual ou modificá-la cada ano", porque "o que conta, é que fale à nossa vida". "Por todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, o Deus que Se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada ser humano, independentemente da condição em que este se encontre", conclui Francisco em Admirabile signum.
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