Dec 19, 2023 / 05:00 am
A Igreja Católica celebra hoje (19) o beato Urbano V, 200º papa da Igreja Católica. Ele governou entre 1362 e 1370, durante um dos momentos mais difíceis da história da Igreja, conhecido como "o desterro de Avignon".
Avignon
Nesse período, os papas tiveram que deixar a cidade de Roma, sede do papado desde o século I, devido às contínuas revoltas e conflitos entre as coroas ou casas italianas. Por isso, os papas foram para Avignon, na França, logo após o ano de 1300. Urbano V foi o sexto papa no exílio.
Após a morte do papa Inocêncio VI, em dezembro de 1361, Urbano V foi escolhido como seu sucessor. Como naquela época era um monge ordenado sacerdote que estava em missão diplomática, foi chamado a Roma e em um único dia teve que ser consagrado bispo e coroado como papa. Pouco depois de assumir o papado, mudou-se para Avignon.
Urbano V nasceu em Languedoc, na França, em 1310. Estudou na Universidade de Paris e depois tornou-se monge beneditino. No decurso da sua vida monástica destacou-se pelas suas qualidades espirituais e capacidade de organização, chegando a ser superior de vários mosteiros.
O papel de liderança dentro de sua Ordem despertou a admiração de vários papas, que valorizaram suas habilidades diplomáticas e o convocaram para o serviço da Santa Sé como representante papal (núncio).
Reforma da Cúria
Como papa, ele se propôs a acabar com os abusos de algumas famílias italianas que tentavam tomar o poder eclesial para colocá-lo a serviço de suas coroas ou nações. Ele também promoveu uma política de austeridade, cortando o excesso de luxos de seus colaboradores e limitando a ostentação dos bens do palácio pontifício. Urbano V estava realmente preocupado que os membros da cúria fossem modelos de vida cristã.
Ele colocou pessoas de reconhecida virtude nos cargos eclesiásticos mais importantes e lutou para acabar com os maus hábitos estabelecidos no clero. Ao mesmo tempo, trabalhou para fortalecer o papel educativo da Igreja, tornando-a protagonista do enriquecimento cultural dos povos. Entre suas obras educativas está a fundação da primeira academia pontifícia de medicina.
Urbano V contou com o apoio das ordens mendicantes -franciscanos e dominicanos- na organização de viagens de evangelização à Bulgária, Ucrânia, Bósnia, Albânia e Lituânia, tornando-se um precursor do moderno espírito missionário da Igreja, consolidado séculos depois.
Retorno à Sé de Pedro
Este papa foi o primeiro a quebrar o período Avignon, quando decidiu voltar a Roma e devolver à cidade o status de sede pontifícia, algo que nenhum de seus predecessores se atreveu a fazer. Fazia mais de 50 anos que a Igreja era governada de fora de Roma. Quando Urbano V estabeleceu sua residência na Cidade Eterna, encontrava-se em estado de abandono espiritual e deterioração moral.
França
Nessa altura, Urbano V ordenou a reconstrução dos principais monumentos e a recuperação dos edifícios e bens eclesiásticos. Infelizmente, o advento de uma nova guerra entre a França e a Inglaterra e uma grave deterioração de sua saúde fizeram Urbano decidir retornar à França em 1370.
Um novo descontentamento surgiu entre os romanos, em cujas mentes ressoava a profecia de santa Brígida. A santa havia anunciado que o papa morreria se abandonasse Roma de novo. Em 5 de dezembro de 1370, Urbano deixou Roma e poucos dias depois, no dia 19, morreu. Ele foi sucedido pelo papa Gregório XI.
Urbano V foi beatificado em 1870 pelo papa Pio IX.
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