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A história por trás dos sapatos vermelhos de Bento XVI

Papa Bento XVI chega ao Centro Cultural Papa João Paulo II em Washington, DC, para participar de uma reunião interreligiosa usando sapatos vermelhos brilhantes em 17 de abril de 2008 | TIM SLOAN

Quando o papa Bento XVI renunciou em 2013, ele renunciou ao cargo de bispo de Roma. E a seus famosos sapatos de couro vermelho.

 

Durante o seu papado, os sapatos vermelhos de Bento XVI se tornaram uma espécie de marca registrada. A ABC News a chamou o papa de "fashionista" em 2013 e a revista Esquire nomeou os sapatos "acessório do ano" em 2007. Em outro momento, seus mocassins geraram polêmica por causa de falsos rumores de que teriam sido feitos pela grife italiana de luxo Prada.

 

A escolha de sapatos de Bento XVI se destaca por seu antecessor, o papa são João Paulo II e seu sucessor, o papa Francisco, optarem por alternativas, mas os papas usaram sapatos vermelhos por séculos.

 

Nas fotos dos restos mortais de Bento XVI divulgadas ontem (1) pelo Vaticano, ele está vestido com roupas vermelhas e douradas e sapatos clericais pretos comuns.

 

Longe de ser uma moda, o vermelho, na fé católica, simboliza o martírio e a Paixão de Cristo.

 

Dois sapateiros italianos são creditados pela confecção dos sapatos de Bento XVI durante seu pontificado: Adriano Stefanelli e Antonio Arellano.

Stefanelli, um artesão italiano, criou sapatos para uma longa lista de líderes notáveis, incluindo o papa são João Paulo II, Barack Obama e George W. Bush, segundo a agência de notícias italiana Agenzia Nazionale Stampa Associata (ANSA).

"A maior satisfação é ver, olhando as fotos e imagens de Bento XVI, que o sapato é, como dizem informalmente, bem 'usado e carregado', e portanto confortável", disse ao jornal L'Osservatore Romano.

 

O outro artesão, Arellano, consertava sapatos para Bento XVI quando ele era cardeal. Original de Trujillo, Peru, Arellano mudou-se para Roma em 1990 para abrir uma sapataria perto do Vaticano.

Quando seu amigo cardeal se tornou papa, ele ficou muito feliz.

"Todo mundo estava correndo pelas ruas e vi o cardeal Ratzinger aparecer na televisão. Fiquei maravilhado porque ele era meu cliente e fiquei muito feliz", disse à Catholic News Agency.

Arellano disse que se lembra do tamanho do sapato de Bento XVI, 42, e decidiu dar ao novo papa um par de sapatos vermelhos durante uma audiência geral no Vaticano.

"Quando chegamos lá para cumprimentá-lo, o papa me reconheceu, sorriu e disse: 'Aqui está meu sapateiro'. Foi um momento maravilhoso, porque faz você se sentir importante. Ele deu uma bênção para mim e minha família e nos despedimos", lembra Arellano.

Esse presente resultou no pedido da Santa Sé de outro par de sapatos para o papa usar durante a beatificação de João Paulo II.

"Foi incrível, porque realmente me senti como o sapateiro do Santo Padre", diz Arellano.

"Uma coisa é dar um presente ao papa, outra é te ligarem para fazer alguns sapatos especificamente para ele", acrescenta.

Ao se aposentar, o papa emérito trocou os sapatos vermelhos por mocassins de couro desenhados por um sapateiro mexicano, Armando Martin Dueñas. 

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