22 de dezembro de 2024 Doar
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"Não tenho nada a esconder", foi a reação de Bento XVI às acusações de encobrir abusos

Bento XVI | CNA

O ex-secretário pessoal de Bento XVI, dom Georg Gänswein, falou sobre a reação de Bento XVI quando foi acusado de encobrir abusos sexuais e disse que "a única coisa que realmente o chocou foi que o chamaram de mentiroso".

Em entrevista ao escritório de Roma da EWTN, grupo de comunicação católico a que pertence ACI Digital, dom Gänswein disse que a acusação "foi uma grande surpresa" para Bento XVI, especialmente por que ele assumiu "uma postura firme contra a resistência interna e externa" aos abusos.

"E quando ele foi papa, ele assumiu a mesma postura clara e sem ambiguidades; há muitos exemplos disso", disse Gänswein.

Ele disse que quando perguntaram a Bento XVI se aceitaria responder às perguntas sobre a investigação, ele aceitou e disse que "não tenho nada a esconder".

"Se ele tivesse dito 'não', você poderia pensar que ele estava escondendo alguma coisa. Eles nos enviaram muitas perguntas e ele as respondeu. Ele sabia que não tinha feito nada de errado. Ele declarou tudo o que conseguia lembrar", disse dom Gänswein.

"Um pequeno erro"

Gänswein explicou que "durante a redação de nossa declaração, cometemos um pequeno erro: não foi um erro do papa Bento XVI, mas um descuido de um de nossos colaboradores, um descuido pelo qual ele imediatamente pediu desculpas".

O também prefeito da Casa Pontifícia da Santa Sé falou que o colaborador "se enganou em uma determinada data, sobre a presença do cardeal (Joseph Ratzinger) em uma das reuniões".

"Tudo isso foi corrigido ao instante e publicado de imediato. Mas a narrativa de que o papa mentiu, infelizmente, permaneceu", disse.

"Na verdade, essa foi a única coisa que realmente o chocou: ser chamado de mentiroso. Porque simplesmente não era verdade."

Por isso, o papa emérito Bento XVI decidiu escrever uma carta pessoal. "Ele disse que esse seria seu último comentário sobre o assunto e que depois dessa carta não falaria mais nada sobre o assunto."

"Quem não acreditou nele ou não quis acreditar nele, não tinha por que o fazer. Mas quem olhasse os fatos com honestidade e sem preconceitos tinha que admitir que a acusação de mentiroso era, simplesmente, falsa. E infame também!", disse.

"Foi uma acusação que realmente o escandalizou", comentou dom Gänswein.

Ele também disse que a denúncia "veio de um setor que não se destacava justamente por contribuir com grandes coisas no campo moral, muito pelo contrário".

Dom Gänswein disse que "só poderia apelar à razão, à boa vontade e à honestidade. Realmente ele não tinha mais o que fazer. E isso é exatamente o que ele escreveu em sua carta."

"Para todas as outras coisas", continuou o arcebispo, "teria que responder ao bom Deus. Como já disse, a imparcialidade é um pré-requisito. Não só neste caso, mas por princípio."

Acusação sobre gestão de abusos

Numa carta publicada em 8 de fevereiro, o papa emérito Bento XVI pediu desculpas pessoalmente às vítimas de abuso dentro da Igreja e respondeu a um relatório questionando a maneira como lidou com os casos durante seu mandato como arcebispo de Munique de 1977 a 1982.

A carta foi publicada junto com um documento no qual se reafirmava a inocência do papa emérito. Esta análise, composta por três páginas e assinada por quatro de seus assessores, foi uma resposta às críticas contidas no relatório sobre os abusos cometidos na arquidiocese de Munique e Freising entre 1945 e 2019, apresentado em 20 de janeiro de 2022.

O papa emérito, que negou enfaticamente as acusações, entregou previamente aos investigadores um documento de 82 páginas assinado.

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