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Cardeal Zen vai ao funeral de Bento XVI com autorização da Justiça chinesa

Cardeal Joseph Zen comparece ao funeral de Bento XVI na Praça de São Pedro em 5 de janeiro de 2023. | Diane Montagna

O cardeal Joseph Zen compareceu hoje (5) ao funeral do papa emérito Bento XVI. A Justiça de Hong Kong liberou o passaporte dele por cinco dias para permitir que ele viajasse a Roma.

 

O cardeal de 90 anos chegou à praça de São Pedro andando com o auxílio de uma bengala para concelebrar a missa fúnebre.

 

O bispo emérito de Hong Kong, que foi preso sob a lei de segurança nacional da cidade no ano passado, recebeu permissão de uma corte local para viajar à Itália para comparecer ao funeral do falecido papa que o nomeou cardeal.

 

Um juiz decidiu na terça (3) que o cardeal chinês teria permissão para deixar Hong Kong por cinco dias com seu passaporte anteriormente confiscado devolvido a ele de forma temporária.

 

O cardeal escreveu em seu blog que Bento XVI foi "um grande defensor da verdade" que realizou ações "extraordinárias" para apoiar a Igreja na China, apesar de muitas contrariedades.

 

"Como membro da Igreja na China, sou imensamente grato ao papa Bento por ter feito coisas que não fez por outras Igrejas", escreve Zen.

 

O cardeal de Hong Kong recorda, particularmente, a carta à China de Bento XVI de 2007, que Zen chama de "uma obra-prima de equilíbrio entre a lucidez da doutrina eclesiológica católica e a compreensão humilde em relação à autoridade civil".

 

Zen também critica "erros" na tradução oficial chinesa da carta de Bento XVI, que ele disse acreditar conter "citações tendenciosas contra o sentido óbvio da carta"

 

"Outra coisa extraordinária que ele fez pela Igreja na China foi a constituição de uma poderosa Comissão para cuidar dos assuntos da Igreja na China; infelizmente, sob o novo presidente da referida Comissão, ela foi feita para desaparecer silenciosamente, sem sequer uma palavra de despedida respeitosa", acrescenta o cardeal.

 

Bento XVI nomeou Zen cardeal em 2006 e escolheu-o para escrever as meditações para a Via Sacra papal no Coliseu em 2008, um ano antes da aposentadoria de Zen como bispo de Hong Kong.

 

Zen sublinha que vê Bento XVI como um papa que "muitas vezes foi incompreendido e às vezes não seguido", mas disse que é "precisamente nesses casos, que parecem falhas, que pude admirar sua grande fortaleza e magnanimidade diante das contrariedades."

 

"Apesar de seus grandes esforços, o papa Bento XVI não conseguiu melhorar a situação da Igreja na China. Ele não podia aceitar um compromisso qualquer", disse o cardeal chinês.

 

O cardeal, nascido em Xangai, acrescenta que está "convencido de que todo esforço para melhorar a situação da Igreja na China [no futuro] deverá ser feito de acordo com a Carta de 2007".

 

"Ao nos lembrarmos do grande pontífice, lembremos que agora o temos como um poderoso intercessor no Céu. Com sua intercessão, rezamos para que todos, a Igreja em Roma, a Igreja na China e as autoridades chinesas sejam movidas pela graça de Deus para trazer a verdadeira paz para a Igreja e nossa pátria", diz Zen.

 

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