21 de novembro de 2024 Doar
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Papa justifica ao padre James Martin o que quis dizer sobre homossexualidade em entrevista

Papa Francisco | Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

"Não é a primeira vez que falo sobre homossexualidade e sobre homossexuais. E quis esclarecer que não é crime para sublinhar que toda criminalização não é boa nem justa", disse o papa em carta em espanhol, datada de 27 de janeiro, enviada ao padre jesuíta James Martin, que dirige o "recurso católico LGBTQ" (sigla para lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer) chamado Outreach. Em entrevista à agência de notícias Associated Press (AP), na quarta-feira (25) o papa disse que homossexualidade não é crime, mas é pecado.

"Quando disse que é pecado, eu simplesmente me referia ao ensinamento da moral católica, que diz que qualquer ato sexual fora do casamento é pecado", continuou. "Claro, também devem ser consideradas circunstâncias, que diminuem ou anulam a culpa. Como você pode ver, eu estava repetindo uma coisa geral", justificou o papa ao padre. "Eu deveria ter dito 'é um pecado, assim como qualquer ato sexual fora do casamento'. Isto, falando da 'matéria' do pecado, mas sabemos bem que a moral católica, além da matéria, valoriza a liberdade, a intenção; e isto, para todo tipo de pecado".

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz, no número 2.357: "A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados".

Segundo Francisco, "em uma entrevista televisionada, em que se falava com naturalidade e em uma linguagem coloquial, é compreensível que não se façam precisões".

Na entrevista o papa Francisco disse que "o Catecismo da Igreja Católica diz que as pessoas com tendências homossexuais devem ser acolhidas, não devem ser marginalizadas", citando o número 2.359 do CIC.

"Se existe uma pessoa que busca a Deus e é sincera, quem sou eu para julgá-la. Ali está o Senhor", disse o papa repetindo o que havia dito em sua viagem de volta do Brasil em 2013.

Para o papa, são injustas as atitudes de alguns países onde a homossexualidade é proibida por lei. Segundo a BBC, empresa pública de comunicação do Reino Unido, há 69 países na África, Ásia e Caribe e que a homossexualidade é crime, incuindo o sudão do Sul, para onde o papa viaja nesta semana.

"Somos todos filhos de Deus, e Deus nos ama como somos e pela força que cada um de nós luta pela nossa dignidade. Ser homossexual não é crime. Não é crime. Sim, mas é pecado. Tudo bem, mas primeiro vamos distinguir entre um pecado e um crime. Mas também é pecado faltar à caridade uns com os outros", disse o papa.

Em seguida, afirmou que "ninguém deve ser discriminado". "Cada homem e cada mulher deve ter uma janela em sua vida onde possa derramar sua esperança e onde possa ver a dignidade de Deus. E ser homossexual não é crime. É uma condição humana", disse.

Além disso, encorajou a Igreja a contribuir para revogar as normas que perseguem os homossexuais, embora tenha destacado que se trata de "culturas, culturas em um Estado, e os bispos desse lugar, embora sejam bons bispos, fazem parte da cultura e alguns ainda têm suas mentes nessa cultura".

"Mas ternura, por favor, ternura, como Deus tem com cada um de nós. Voltemos às três categorias de Deus. Deus tem três atitudes: proximidade, misericórdia e ternura. E essas três bastam, toda a teologia está aí. Deus próximo, que está na minha mão. Um Deus misericordioso, que me perdoa tantas vezes. Um Deus terno", concluiu.

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