18 de dezembro de 2024 Doar
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Arquidiocese de Miami acolhe padres deportados da Nicarágua

Catedral de Santa Maria | Farragutful - Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0)

O arcebispo de Miami, EUA, dom Thomas Wenski, anunciou que receberá de braços abertos os padres e seminaristas que foram deportados pelo governo da Nicarágua, oferecendo-lhes alojamento de longo prazo em seu seminário.

Wenski disse ao jornal Florida Catholic que, embora inicialmente sejam acolhidos por famílias nicaraguenses residentes no país, depois irão de forma permanente para o seminário da Universidade St. John Vianney, em Miami.

"Ofereço-lhes a hospitalidade do seminário, assim como a oportunidade de se aclimatar, aculturar e ver quais seriam os próximos passos depois disso", disse o arcebispo ao jornal católico no sábado (11).

Dom Wenski disse que os padres poderão ter "aulas intensivas de inglês" enquanto fazem seus trâmites imigratórios.

O arcebispo de Miami disse que, embora gostaria que todos permanecessem em sua jurisdição, "ouviu de alguns bispos que precisam de padres que falem espanhol" e "que estarão felizes em ajudá-los".

Os padres e seminaristas chegaram a Washington D.C., EUA, no domingo (12), após serem deportados pelo governado da Nicarágua, que os acusou de traição e suspendeu seus direitos de cidadania para sempre.

Ao chegarem aos EUA, os padres celebraram uma missa na paróquia de São Marcos Evangelista, em Maryland. Eles pediram para continuar rezando pelas famílias da Nicarágua e pelo bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, condenado a 26 anos de prisão.

"O Senhor está dando a ele essa força e coragem para continuar anunciando o Evangelho ali, nessas circunstâncias", disse o celebrante padre Reynaldo Tijerino Chávez.

O padre Sadiel Eugarrios Cano, que proferiu a homilia, disse que "os mais de 200 nicaraguenses que chegaram a este país vêm com grande incerteza, para buscar refúgio nas famílias, nas boas pessoas que nos receberam".

"Infelizmente, o mal se apoderou de alguns corações que precisam de conversão e devemos rezar pela salvação das almas, não pela condenação", disse.

O padre Eugarrios disse que "não devemos ter medo", mas sim "dar testemunho do nosso batismo".

Entre os deportados estão os padres: Oscar Benavidez Dávila, 50 anos, pároco da paróquia Espírito Santo em Molokukú; Ramiro Reynaldo Tijerino Chávez, 50 anos, reitor da Universidade João Paulo II; Sadiel Antonio Eugarrios Cano, 35 anos, ex-vigário da catedral de Matagalpa; e José Luis Díaz Cruz, 33 anos, atual vigário da catedral de Matagalpa.

Também foram deportados o diácono Raúl Antonio Vega González, 27 anos, os seminaristas Darvin Esteylin Leiva Mendoza, 19 anos, e Melkin Antonio Centeno Sequeira, 23 anos, e o fotógrafo Sergio José Cárdenas Flores, 32 anos.

"Os violentos já perderam"

Dom Silvio José Báez, bispo nicaraguense exilado em Miami, EUA, celebrou no fim de semana uma missa e criticou duramente o governo de Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder.

"Atacar a liberdade, denegrir a sua dignidade com falsidades, tratá-los com raiva para humilhá-los, tratá-los com crueldade e condená-los injustamente, são atos homicidas, são crimes autênticos", disse dom Báez durante a homilia no domingo (12), na Igreja Santa Agatha, em Miami.

Báez disse que "os criminosos são aqueles que aprisionam pessoas justas e aqueles que expulsam os cidadãos de seu próprio país".

"Esses atos abomináveis ​​não são apenas caprichos de pessoas enlouquecidas, irregularidades legais ou descumprimento de normas internacionais. Não. Ofender com raiva, caluniar por vingança, prender injustamente, torturar cruelmente e condenar ao exílio são crimes reais e aqueles que agem dessa forma são criminosos, que devem comparecer perante a justiça mais cedo ou mais tarde", disse.

Dom Báez recordou que as autoridades do governo nicaraguense "não se mostram fortes", mas expõem "sua fraqueza e seu medo".

"Os violentos já perderam, sempre perdem, porque qualquer vitória obtida com violência equivale a uma derrota", disse. "Prejudicando as pessoas, elas se prejudicam; condenando os inocentes, eles se condenam; roubando liberdades do povo, eles se tornam os escravos mais infelizes", concluiu.

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