REDAÇÃO CENTRAL, Mar 1, 2023 / 16:25 pm
Apesar dos repetidos avisos da Santa Sé, uma carta do presidente da Conferência Episcopal Alemã publicada hoje (1°) confirma que os planos para um concílio sinodal alemão permanente avançam.
Na carta datada de 23 de fevereiro mas publicada hoje, o bispo de Limburg, dom Georg Bätzing, escreve que os bispos alemães levam a sério as "preocupações" da Santa Sé sobre um Concílio Sinodal alemão.
A mensagem é dirigida ao cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin e aos prefeitos do dicastério da Fé, o cardeal jesuíta Luis Ladaria, e do dicastério dos Bispos, cardeal Marc Ouellet.
O bispo alemão disse aos cardeais que um "comitê sinodal" alemão iria preparar um concílio sinodal ao longo de três anos. Este movimento, escreve Bätzing, é "um sinal de que ainda há uma grande necessidade de esclarecimento sobre a futura cooperação sinodal".
Em uma carta de quatro páginas escrita em janeiro, a Santa Sé escreveu "que nem o Caminho Sinodal, nem um órgão nomeado por ele, nem uma conferência episcopal têm competência para estabelecer o 'conselho sinodal' em nível nacional, diocesano ou paroquial".
A resposta de Bätzing diz que o lado alemão agora quer se aprofundar nas questões teológicas levantadas por Roma.
"Portanto, peço sua compreensão se eu não abordar aspectos individuais de suas observações nesta carta, mas aceito com prazer e gratidão a oferta de conversa que o sr. propôs", diz Bätzing na carta.
Bätzing acrescenta que a conversa, deve continuar em Roma "o mais rápido possível", mas após a reunião final do Caminho Sinodal Alemão em Frankfurt.
Os bispos alemães estão reunidos esta semana na cidade de Dresden, no leste da Alemanha, para a sua assembleia plenária.
No início desta reunião, o núncio apostólico na Alemanha, o arcebispo Nikola Eterović, disse ter sido "comissionado ex officio" para "especificar que, de acordo com uma correta interpretação do conteúdo desta carta, nem mesmo um bispo diocesano pode estabelecer um conselho sinodal em nível diocesano ou paroquial".
Segundo a CNA Deutsch, agência do grupo ACI em alemão, o núncio também afirmou que a sinodalidade não significa criar "novas instituições com o risco de aumentar ainda mais a burocracia".
Em vez disso, ele advertiu os bispos alemães que "é necessário revitalizar os corpos diocesanos já existentes em um espírito sinodal".
"A sinodalidade é mais uma questão de espírito e estilo do que de estruturas", disse o arcebispo.
O papa Francisco e outros líderes da Igreja expressaram sérias preocupações sobre os planos de criar um conselho sinodal permanente para a Igreja alemã. Segundo uma proposta do Caminho Sinodal, tal órgão funcionaria "como um órgão consultivo e de tomada de decisões sobre desenvolvimentos essenciais na Igreja e na sociedade".
O conselho ainda "tomaria decisões fundamentais de importância supradiocesana sobre planejamento pastoral, questões futuras e questões orçamentárias da Igreja que não são decididas em nível diocesano".
Em resposta às respostas de Roma sobre dar esse passo, Bätzing já havia sugerido em janeiro que iria buscar uma "opção alternativa".
"Nós, na Alemanha, estamos procurando uma maneira de deliberar e decidir juntos, sem anular os regulamentos canônicos que passaram a autoridade do bispo", disse o bispo alemão.
Quanto às objeções levantadas nas reuniões no Vaticano, e confirmadas em uma carta aprovada pelo Papa Francisco , Bätzing repetiu sua rejeição pública a essas preocupações em janeiro, e prometeu que o Caminho Sinodal continuaria a perseguir sua agenda controversa diante delas.
Preocupações de bispos alemães
Os bispos de Colônia, Regensburg, Passau, Eichstätt e Augsburg escreveram à Santa Sé em 21 de dezembro de 2022. Eles destacaram o que Bätzing reconheceu como "questões justificadas e necessárias" e questionaram se os bispos poderiam ser particularmente obrigados a cumprir a autoridade de tal conselho.
Não foi esse o caso, observou a carta da Santa Sé. A mensagem, redigida em alemão, lembrava a dom Bätzing que, segundo a constituição dogmática Lumen Gentium, o Concílio Vaticano II ensina "que a consagração episcopal, juntamente com o ofício de santificar, confere também o ofício de ensinar e de governar, que, no entanto, por sua natureza, só pode ser exercido em comunhão hierárquica com o chefe e os membros do colégio".
Com quatro páginas, a última carta da Santa Sé à Alemanha disse ser aprovada pelo papa Francisco. Foi assinado pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin; o prefeito do dicastério da Doutrina da Fé, cardeal Luis Ladaria; e o prefeito do dicastério dos Bispos, cardeal Marc Ouellet.
Alertando sobre a ameaça de um novo cisma na Alemanha, a Santa Sé já interveio em julho de 2022 contra um concílio sinodal alemão.
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