10 de dezembro de 2024 Doar
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Padre claretiano que fugiu dos sequestradores conta como foram seus dias no cativeiro

Padre Antoine Macaire Christian Noah | Padre Fausto Cruz Rosa, Superior Maior da Delegação das Antilhas dos Missionários Claretianos

O padre camaronês Antoine Macaire Christian Noah escapou ileso de seus sequestradores no Haiti e foi transferido para outro país, anunciou a Congregação dos Missionários Claretianos nas Antilhas.

O padre Fausto Cruz Rosa, superior maior da Delegação das Antilhas dos missionários claretianos, disse ontem (2) à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que o padre Antoine "foi sequestrado, isolado, por dez dias em uma casa abandonada nos arredores de Porto Príncipe", a capital do país.

"No décimo dia, quando eles saíram, ele conseguiu escapar. Os sujeitos saíam com frequência à noite e o deixavam trancado em uma das casas que as quadrilhas costumam ocupar no Haiti e onde poderia haver mais pessoas", disse o padre Rosa.

O padre claretiano de 33 anos, ordenado há pouco menos de dois anos, foi sequestrado na manhã de 7 de fevereiro, quando ia para sua comunidade missionária em Kazal, 34 quilômetros ao norte de Porto Príncipe.

Atualmente Rosa se encontra em Santo Domingo, República Dominicana, onde foi enviado e acolhido por sua Congregação.

O padre Cruz contou que por volta de 1h (hora local) no dia 17 de Fevereiro, o padre Antoine teve de fazer um buraco no teto do quarto onde estava confinado para sair, e depois começou a correr até chegar a um caminho.

"Ele correu muito até as 5h30, até chegar a uma cidade vizinha chamada Cabaret. Lá, um padre conhecido o recebeu em sua paróquia. Ele esteve lá alguns dias até que conseguimos levá-lo para a ilha de Gonave, e depois para a capital em direção ao aeroporto", disse.

Segundo o padre Cruz, Antoine voltava ao Haiti depois de fazer os exercícios espirituais da sua delegação na República Dominicana.

Depois de descer do avião, o padre Antoine pegou um ônibus que foi interceptado por uma quadrilha criminosa.

"Aparentemente só o prenderam por ser estrangeiro. Essa é a estratégia que eles sempre usam. E depois o levaram ao local do sequestro", contou o líder da delegação claretiana.

Os dias no cativeiro

O padre Cruz contou que o padre camaronês "não sentia medo porque rezava ao seu padroeiro, santo Antônio de Pádua", bem como a santo Antônio Maria Claret e ao Imaculado Coração de Maria.

"Ele é uma pessoa de muita oração, muito espiritual, muito sereno. Os sequestradores ficaram surpresos de como o padre podia aguentar, porque só lhe deram comida quatro vezes em 10 dias e um pouco de água", disse.

Segundo o superior maior, "as orações do mundo inteiro" ajudaram muito e ele tem certeza de que "Deus realmente interveio, porque para sentir essa fortaleza, essa coragem, essa segurança, é preciso coragem para escapar e sair ileso".

O padre Cruz contou que o padre Antoine está "disposto a voltar ao Haiti o mais rápido possível".

"No entanto, recomendamos que fique fora por enquanto", acrescentou.

A situação social no Haiti

O Haiti sofre uma profunda crise política e social. Não tem presidente desde julho de 2021, quando o presidente Jovenel Moïse foi morto, e não houve novas eleições. A luta pelo poder agravou os protestos e a violência causada por grupos armados e sequestradores.

"Neste momento, as gangues são as que praticamente têm o poder. Os policiais quase não podem fazer nada, já mataram muitos deles e estão com medo. Os padres foram denunciar e disseram-lhes que nada podiam fazer", disse o padre Cruz.

Segundo o superior maior, o padre Antoine perguntava aos sequestradores por que eles cometiam tais atos, e eles respondiam "que a situação é complicada" e que "não viam futuro".

"Agora rezamos pelos sequestradores, por sua conversão e por toda a situação de insegurança e violência que vive o povo haitiano. Rezamos para que o Senhor continue nos escutando e que logo o país encontre uma saída para o conflito", concluiu o padre Cruz.

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