22 de dezembro de 2024 Doar
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Conversão forçada de meninas piora a cada dia, diz padre do Paquistão

Imagem ilustrativa | Pixabay

O presidente da Comissão Católica de Justiça e Paz no Paquistão, padre Emmanuel Yousaf, diz que o problema da conversão forçada de meninas e jovens cristãs ao islamismo em seu país "piora a cada dia".

O sequestro de menores de minorias religiosas, para obrigá-las a se converter ao islã e a se casar com muçulmanos, não é novidade no Paquistão. Segundo a Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), 97% dos cerca de 207 milhões de habitantes são muçulmanos e apenas 2% são cristãos.

Um relatório apresentado pelo Centro para a Justiça Social (CJS) de Lahore ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em fevereiro de 2022 mostrou que em 2021 houve 78 casos documentados, envolvendo 39 mulheres hindus, 38 mulheres cristãs e uma sikh.

O relatório diz que 76% delas eram menores de idade. No entanto, ao não informar a idade de 18%, "há motivos para suspeitar que estas também podem ser menores". "Só 6% foram confirmadas como maiores" de idade, diz.

O relatório do CJS alerta ainda que em 2021 houve "um aumento de 80% em comparação a 2020 e de 50% em comparação a 2019".

O padre Yousaf disse à ACN que, embora existam leis contra casamentos infantis e forçados, elas não são aplicadas. "Uma das razões é que tudo isso afeta principalmente cristãos e hindus, e que no Paquistão a pressão vem da sociedade e do lado muçulmano. Eles pressionam as famílias e as meninas", disse o padre.

Os processos judiciais para resgatar essas mulheres demandam tempo e dinheiro, e "os advogados e os juízes têm medo de lidar com esses casos".

O presidente da Comissão Católica de Justiça e Paz diz que a pressão contra as minorias religiosas é exercida pelos muçulmanos radicais, que são um grupo pequeno, mas influente. "Tenho muitos amigos muçulmanos, mas eles são uma maioria silenciosa. Aí está o problema", diz.

Na entrevista, o padre Yousaf falou também sobre os abusos cometidos com as leis da blasfêmia, que punem ofensas contra o islã e o profeta Maomé, mas que, segundo  a ACN, "são muitas vezes utilizadas para acertar contas de problemas pessoais, um problema que afeta tanto cristãos como muçulmanos".

O padre também conta que quando um cristão é acusado de blasfêmia, eles reúnem muçulmanos das cidades afetadas e vizinhas. "Eles vêm e saqueiam as casas e colocam fogo na igreja", narra.

O padre pede à opinião pública ocidental que fale com urgência da situação dos direitos humanos no Paquistão.

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