Vaticano, May 12, 2023 / 10:38 am
"O nascimento dos filhos é o principal indicador para medir a esperança de um povo. Se nascem poucos, significa que há pouca esperança. E isto não só tem repercussões do ponto de vista econômico e social, mas prejudica a confiança no futuro", disse o papa Francisco hoje (12) no encontro conclusivo dos Estados Gerais da Natalidade.
O papa Francisco começou seu discurso contando duas anedotas por trás dos dados da Itália, que alcançou a menor taxa de natalidade da história com apenas 393 mil novos nascimentos, recordou também o papa Francisco:
"Há quinze dias, meu secretário estava na praça e uma mãe veio com um carrinho de bebê. Ele, um padre de coração terno, foi abençoar o bebê... Era um cachorrinho!"
Após as palavras de abertura da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que falou do direito e da beleza de ter um filho que o Estado deve defender, o papa Francisco contou a segunda anedota:
"Quinze dias atrás, na audiência de quarta-feira, eu ia cumprimentar e cheguei diante de uma senhora de cerca de cinquenta anos; cumprimentei a senhora e ela abriu uma bolsa e me disse: 'Abençoe-o, meu bebê': um cachorrinho! Aí eu não tive paciência e dei uma bronca na senhora: 'Senhora, tantas crianças com fome, e você com o cachorrinho! Irmãos e irmãs, estas são cenas do presente, mas se as coisas continuarem assim, este será o costume do futuro, tenhamos cuidado", disse o papa.
Para o papa, "o tema da Natividade é central para todos, especialmente para o futuro da Itália e da Europa". "Hoje, colocar filhos no mundo é visto como uma tarefa a ser assumida pela família. Isso, infelizmente, condiciona a mentalidade das novas gerações, que crescem na incerteza, quando não na desilusão e no medo".
Uma cultura inimiga da família, descreveu o papa, na qual vivemos hoje. "Vivem num clima social em que constituir família está se transformando num esforço titânico, ao invés de um valor compartilhado que todos reconhecem e apoiam".
"A dificuldade em encontrar trabalho estável, dificuldade em mantê-lo, moradias muito caras, aluguéis altos e salários insuficientes são problemas reais", disse ele. Segundo o papa, existem vários problemas que as famílias enfrentam e que a política deve resolver.
Para o papa, as mais prejudicadas são as mulheres que "são escravas da regra do trabalho seletivo que impede a maternidade". O papa contou a história de uma mulher que teve que aceitar um salário muito baixo, pois do contrário, não teria um trabalho.
"Por isso, são necessárias políticas voltadas para o futuro" e "deixar este inverno demográfico para trás". Um convite para enfrentar o problema "sem barreiras ideológicas e posições pré-concebidas".
Família não é o problema, mas a solução
A família, disse o papa, "não é parte do problema, mas parte da solução". "Há alguém que saiba olhar adiante com a coragem de apostar nas famílias, nas crianças, nos jovens?", perguntou o papa.
A natalidade é uma questão de esperança
"O desafio da natalidade é uma questão de esperança", disse o papa. "Mas cuidado, a esperança não é, como muitas vezes se pensa, otimismo". Para o papa, "não é ilusão ou emoção. É uma virtude concreta e tem a ver com escolhas concretas". Por isso, exortou a "alimentar a esperança" que é "uma ação social, intelectual, artística, política no mais alto sentido da palavra". "A esperança gera mudança e melhora o futuro."
A Bíblia nos diz que a esperança não defrauda, confirmou. E, por isso, disse o papa, não nos resignemos ao sorriso do compromisso, porque "é precisamente nos desertos mais áridos onde Deus abre novos caminhos" e "a esperança, de fato, desafia-nos a partir em busca de soluções" para "tantas injustiças".
Os filhos não são bens individuais
"Os filhos não são bens individuais, mas pessoas que contribuem para o crescimento de todos, trazendo riqueza humana e geracional". As crianças trazem "criatividade ao coração dos pais".
"Sintam-se chamados para a grande tarefa de regenerar a esperança, de iniciar processos que deem impulso e vida à Itália, à Europa, ao mundo que nos trarão muitos filhos", concluiu o papa.
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