22 de dezembro de 2024 Doar
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Santa Sé retira de circulação selo da JMJ Lisboa 2023 após polêmica

Selo para a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 | Correio Vaticano e o Escritório Filatélico Vaticano

O Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano retirou de circulação o selo comemorativo para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, emitido na terça-feira (16). A decisão foi tomada após o desenho, inspirado no monumento Padrão dos Descobrimentos, de Lisboa, ter sido criticado por ser "nacionalista" e "colonialista".

Segundo Vatican News, serviço de infomações da Santa Sé, "o selo provocou vários comentários negativos, que sublinharam que o desenho, ligado a um monumento conhecido, lembra um passado colonialista muito distante da mensagem de fraternidade universal do Papa Francisco". 

O selo foi desenhado pelo artista italiano Stefano Morri e retrata "o papa na proa de um barco, inspirado na caravela do Padrão dos Descobrimentos, que conduz os jovens para o futuro", diz Vatican News.

O monumento Padrão dos Descobrimentos fica às margens do rio Tejo, em Lisboa. É uma caravela que tem na proa o infante dom Henrique, "impulsionador da expansão marítima" de Portugal, "e outros protagonistas do império marítimo português". Foi construído em 1960, "500 anos após a morte do infante, para celebrar a Era dos Descobrimentos portugueses", incluindo a chegada ao Brasil em 1500, para onde os portugueses trouxeram sua civilização e o Evangelho.

Há uma réplica do monumento português em São Paulo (SP).

No selo da JMJ, o papa Francisco aponta para frente e está acompanhado por outros oito jovens, um deles ajoelhado rezando e outra segurando uma bandeira de Portugal.

O selo foi alvo de críticas, associando-o aos tempos do colonialismo português e ao imaginário gráfico do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo, regime político ditatorial que durou de 1933 a 1974, em Portugal. 

O bispo português Carlos Moreira Azevedo, delegado do Pontifício Comitê das Ciências Históricas, classificou o selo como de "péssimo mau gosto".

"Certamente o papa Francisco não se identifica com esta imagem nacionalista", disse, considerando que o selo "contraria a fraternidade universal".

Após a polêmica, a porta-voz da Fundação JMJ Lisboa 2023, Rosa Pedroso Lima, disse à agência Lusa que este era "um selo de promoção da JMJ" e que a imagem era uma "espécie de alegoria, a barca de são Pedro e o papa conduzindo os jovens e a Igreja para uma nova época".

Com a retirada de circulação do selo, o Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano informou que um novo selo está sendo preparado.

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