18 de dezembro de 2024 Doar
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Papa Francisco fala sobre celibato, abuso na Igreja e sua saúde em nova entrevista

O papa Francisco participou de um encontro com os jovens de Scholas ontem (25) no Auditório Augustinianum. | Vatican Media

Em uma entrevista publicada hoje (26) por Noticias Telemundo, o papa Francisco falou sobre seu estado de saúde, a missão de paz na Ucrânia, o aborto, o celibato e os abusos de menores na Igreja, entre outros temas.

A conversa com o jornalista mexicano Julio Vaqueiro aconteceu ontem (25), antes do início de um encontro com jovens da fundação Scholas Occurrentes.

O celibato e os abusos a menores na Igreja

O papa Francisco disse que o celibato "não tem nada a ver" com os abusos de menores dentro da Igreja.

O jornalista pergunta: "Você acredita que o celibato está relacionado, tem algo a ver com o abuso de menores dentro da Igreja?". Francisco disse que "32%, em outros países 36%, dos abusos ocorrem na família, tio, avô, todos casados, ou com vizinhos. Depois, nos centros esportivos, depois nas escolas… há as estatísticas, são essas".

"Então não tem nada a ver, porque os tios são casados, os avós são casados ​​e às vezes são os primeiros abusadores. [...] Não estou falando que todos os tios, avôs. Estou falando de estatísticas", disse.

Desde o início de seu pontificado, o papa promoveu uma série de medidas para lidar com os abusos sexuais na Igreja Católica. Em 30 de abril de 2023, entrou em vigor o motu proprio Vos estis lux mundi (Vós sois a luz do mundo), que estabelece normas para proteger menores, adultos vulneráveis ​​e o crime de uso de "material de pornografia infantil".

Em seu discurso à Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores em 5 de maio, o papa disse que "o abuso sexual de menores por parte do clero e sua má administração por parte dos líderes eclesiásticos tem sido um dos maiores desafios para a Igreja do nosso tempo".

O aborto

No contexto do debate nos EUA sobre o aborto, o jornalista Vaqueiro perguntou ao papa Francisco: "Você acredita que uma mulher que foi estuprada tem o direito de não ter seu filho fruto desse estupro?".

O papa reiterou sua mensagem em favor da vida: "Sobre o aborto eu digo o seguinte: em qualquer livro de embriologia desses que os alunos estudam no segundo ano da universidade, diz que um mês após a concepção, antes que a mãe se dê conta, já está todo o sistema de órgãos desenhado dentro e o DNA é claro. Ou seja, é um ser vivo. Não digo uma pessoa, é um ser vivo".

"Então, eu me pergunto: é lícito eliminar um ser vivo para resolver um problema? É lícito contratar um matador de aluguel para resolver um problema? E nisso está tudo. Ninguém pode me convencer do contrário. Porque é a verdade", disse o papa Francisco.

O papa Francisco condenou o "direito insensato ao aborto" em seu primeiro discurso em Budapeste, Hungria, em 28 de abril. Segundo a doutrina católica, não há justificativa para o aborto, pois ninguém tem o direito de decidir sobre a vida de outra pessoa, nem mesmo a do nascituro.

A guerra na Ucrânia

O papa Francisco também refletiu sobre a situação dos menores ucranianos levados à força para a Rússia e sobre a missão chefiada pelo cardeal Matteo Zuppi para tentar alcançar a paz na Ucrânia.

Vaqueiro lembrou ao papa a posição do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que, após sua visita ao Vaticano em 13 de maio, disse que não precisa de intermediários e que queria que o papa se juntasse ao seu plano de paz, que inclui a devolução de territórios invadidos pela Rússia.

"Bem, esse não foi este o tom da conversa", disse o papa Francisco. "Ele me pediu um favor muito grande, para tentar cuidar das crianças que foram levadas para a Rússia. Olha, eu te peço isso. Não sonham muito com as mediações, porque na realidade o bloco da Ucrânia é muito forte. Toda a Europa, os Estados Unidos. Ou seja, eles têm uma força própria muito grande", acrescentou.

"Para alcançar a paz, o senhor pensa que a Rússia deveria devolver esses territórios?", perguntou o entrevistador. O papa respondeu: "É um problema político. A paz será alcançada no dia em que puderem conversar, ou eles dois ou através de outros".

Francisco já havia se referido à possibilidade de mediação em favor das crianças ucranianas deportadas para a Rússia em seu voo de retorno de Budapeste a Roma no final de abril.

Em um encontro com os diplomatas no dia de Nossa Senhora de Fátima, a quem confiou a procura de caminhos de paz para a Ucrânia, e antes do encontro com o presidente Zelensky, o papa tinha também manifestado a "neutralidade positiva" da Santa Sé que pode ajudar a resolver conflitos e guerras.

A saúde do papa

Ao responder sobre como está sua saúde, o papa Francisco disse que "muito melhor. Eu posso caminhar. O joelho foi ficando bom e antes eu não podia caminhar. Agora, posso caminhar novamente. Há dias que são mais dolorosos, como hoje. Tem dias que não, mas faz parte do desenvolvimento".

Em março deste ano, o papa foi internado no Hospital Gemelli, em Roma, com problemas respiratórios

Durante a coletiva de imprensa no voo de volta a Roma após sua viagem apostólica a Budapeste, Hungria, o papa falou sobre seu estado de saúde.

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"O que eu tive foi um forte mal-estar no final da audiência de quarta-feira, não tive vontade de almoçar, fiquei um pouco deitado, não perdi a consciência, mas sim, tive uma febre muito alta e às três da tarde o médico me levou imediatamente ao hospital", disse.

O papa esclareceu que teve "uma forte pneumonia aguda, na parte inferior do pulmão, mas graças a Deus, posso lhes dizer, o corpo reagiu bem. Graças a Deus. Foi isso que eu tive".

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