19 de dezembro de 2024 Doar
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O beato Carlo Acutis inspirou um hindu a se converter ao catolicismo

Rajesh Mahour e o beato Carlo Acutis no dia de seu crisma. | Cortesia da Ignatius Press

O beato Carlo Acutis inspirou o filho de um sacerdote brâmane hindu a ser batizado católico através de seu testemunho alegre sobre a presença de Jesus na Eucaristia e seu amor pelos pobres.

Em uma entrevista, Rajesh Mohur compartilhou a história de sua jornada espiritual e como conheceu Acutis, o adolescente que codificava computadores e foi o primeiro millenial a ser beatificado pela Igreja Católica, além de patrono da próxima JMJ Lisboa 2023.

Mohur cresceu nas Ilhas Maurício, no Oceano Índico, a cerca de 800 quilômetros da costa de Madagascar, na África. Assim como a maioria da população das ilhas, Mohur era hindu. Ele cresceu falando crioulo e estudando sânscrito, a antiga língua usada nas escrituras hindus.

A família Mohur pertencia à casta sacerdotal brâmane, a mais alta das quatro castas da sociedade hindu. O pai de Mohur era um sacerdote hindu que serviu como presidente da Associação Hindu nas Ilhas Maurício.

"Meu pai costumava me ensinar desde o início sobre todas as suas orações... sobre as escrituras indianas", relembrou Mohur.

Aos 16 anos, o pai de Mohur o enviou para a Índia para continuar seus estudos em Gujarat, cidade onde Mahatma Gandhi nasceu. Durante seu tempo na Índia, Mohur foi ainda mais imerso na cultura e na prática religiosa hinduísta.

"Já estive em muitos templos. Conheci vários gurus no centro de meditação e conheci swamis", disse Mohur.

"Eu visitei todos esses lugares. Foi tranquilo, sabe. Legal. Mas sua vida não muda... eu estava em busca de um Deus vivo", disse

"Minha jornada sempre foi para encontrar algo que... por mim mesmo, no fundo, eu não poderia preencher".

Após ser aceito em uma universidade no Rajastão, Mohur acabou ficando na Índia, onde concluiu o bacharelado em física. Ele planejava se matricular em um programa de mestrado na Inglaterra quando recebeu a notícia da morte de seu pai. Como sua família estava com problemas financeiros, ele se sentiu obrigado a voltar para as ilhas Maurício para ajudá-los.

Mohur aumentou sua devoção às orações hindus após a morte de seu pai. Ele rezava todos os dias, muitas vezes com um sentimento de raiva e amargura.

"Eu sempre rezava: 'Por que estou em tal situação?'", disse Mohur.

Naquela época, era difícil encontrar trabalho nas ilhas Maurício. Mohur tinha ouvido falar que a Itália não era tão rígida quanto outros países em relação a vistos de trabalho na época, então migrou para lá para encontrar trabalho por volta da década de 1980. Após mais de uma década morando e trabalhando na Itália, Mohur foi contratado pela família Acutis em dezembro de 1995 para ajudar a cuidar de Carlo.

"E eu conheci Carlo, uma criança tão pequena", lembrou Mohur.

A primeira impressão que teve de Acutis, de cabelos castanhos encaracolados, foi que ele se parecia com os pequenos querubins vistos nas pinturas e esculturas de Milão. Em seu segundo dia de trabalho para a família, Mohur lembrou que o pequeno Carlo o abordou com um grande sorriso e um presente – um chiclete.

Nos dias de chuva, Acutis às vezes assistia a fitas de vídeo de desenhos animados baseados na Bíblia e na vida dos santos junto com Mohur, que assistia com certo interesse por não ter tido muito contato com o catolicismo.

Após Acutis fazer sua primeira comunhão aos 7 anos, Mohur caminhava com ele até a igreja na esquina de sua casa para a missa ou para rezar no caminho para a escola.

Mohur observou como o comportamento do jovem Acutis mudava quando ele entrava em uma igreja. Enquanto Acutis rezava na frente do sacrário, Mohur se sentava silenciosamente no fundo e observava o menino enquanto ele rezava fervorosamente.

"O comportamento dele mudava quando ele estava dentro da igreja, com todo o respeito. Ele sabia que havia algo de diferente onde Jesus mora ... Isso tocou meu coração... quando vi o comportamento de Carlo", disse.

Acutis ficava ansioso para falar com Mohur sobre as coisas que ele amava: o céu, a missa e a presença de Jesus na Eucaristia. Ele explicava tudo com "uma doçura", disse Mohur.

"Ele sempre falou sobre a Eucaristia, sobre Jesus, como Ele sofreu por nós... sacrificou Sua vida por nós", disse Mohur. "Carlo, ele me disse que... onde quer que você vá, você pode encontrar Jesus presente em Carne, Alma e Sangue no sacrário".

Mohur também observou o cuidado e a preocupação de Acutis com os outros. Ele disse que o jovem Carlo uma vez juntou seus brinquedos, incluindo alguns belos presentes de Natal de seus avós e pais, e pediu a Mohur que o acompanhasse ao parque para vender seus brinquedos para dar o dinheiro aos pobres.

"Ele recolheu o dinheiro, e havia alguns pobres deitados ali na frente da igreja. Eles dormiam no chão durante o inverno. Estava bem frio... Ele disse que eles estavam sofrendo. Eles precisavam de ajuda", disse Mohur.

"Quando eu vi os atos de Carlo, sabe, de uma criança tão pequena, aí eu me converti".

Acutis ajudou Mohur a aprender a rezar o terço e o convidou a rezar junto com ele e seus pais.

"Ele tinha o hábito de recitar o santo terço todas as noites antes de ir para a cama", lembrou Mohur.

Acutis disse a Mohur que uma pessoa pode rezar o terço sem ser batizada, mas apenas os católicos praticantes podem receber a sagrada Eucaristia. Acutis explicou que a Eucaristia é o ápice da caridade e que as virtudes são adquiridas através da vida sacramental.

"Ele sabia o Catecismo da Igreja Católica quase de cor e o explicou de forma tão brilhante que conseguiu me entusiasmar sobre a importância dos sacramentos", disse Mohur.

"Então, devagar, devagar... ele costumava me dizer a importância do batismo e tantas outras coisas também", acrescentou. "Todas essas experiências mudaram minha vida. E pude ver o Deus vivo".

Quatro anos após conhecer Acutis pela primeira vez, Mohur foi batizado. Ele tinha quase 30 anos na época e, como adulto, ao entrar na Igreja Católica, recebeu de uma vez só todos os sacramentos católicos de iniciação: batismo, primeira comunhão e crisma em uma missa na paróquia que Acutis frequentava em 1999.

Depois, a família Acutis deu uma festa para Mohur e seus amigos, compartilhando doces e salgadinhos em seu apartamento. Mohur deixou Carlo escolher onde sair para jantar. Ele disse que Carlo propôs: "Vamos ao restaurante chinês hoje porque é um dia especial".

Mohur brincou em resposta: "É especial para mim, mas é mais especial para você porque você gosta de comida chinesa". Brincadeiras à parte, Acutis disse depois a seus pais: "Há muitas pessoas que não percebem que o presente infinito é receber o batismo".

Após seu batismo e primeira comunhão, Mohur se juntou a Acutis para participar da missa diária, mas como um participante pleno da comunhão, e não como observador.

Quando a mãe de Mohur veio das Ilhas Maurício para visitar seu filho em Milão alguns anos depois, Acutis convidou a mãe de Mohur para ir com eles à missa; ela disse depois que não entendeu nada. Além de ter pouca familiaridade com a fé católica, a mãe de Mohur não falava italiano, então Acutis falava com ela em inglês.

Ele se sentava na cozinha com a mãe de Mohur e contava a ela em inglês sobre Jesus e a fé católica. Ele contou a ela a história da aparição da Virgem Maria em Lourdes, na França, de forma tão convincente que ela quis visitar o local de peregrinação. Com a ajuda da família Acutis, a mãe de Mohur ficou em Lourdes por uma semana.

Quando ela voltou para as ilhas Maurício, pediu para ser batizada. Após seu batismo, a mãe de Mohur visitou os enfermos nas Ilhas Maurício e rezou com eles, usando um pouco da água benta de Lourdes.

"Essa foi a mágica de Carlo. Ele pôde me converter e à minha mãe também", disse Mohur.  

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