19 de dezembro de 2024 Doar
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Ex-preso político denuncia confisco de bens de deportados pelo governo da Nicarágua

Bandeira da Nicarágua. | Shutterstock

O ex-candidato à presidência da Nicarágua, Félix Maradiaga, disse que é uma "grave violação dos direitos humanos fundamentais" que o governo de seu país tenha confiscado seus bens e os dos outros 221 presos políticos deportados em fevereiro.

"Este roubo é outra grave violação dos direitos humanos fundamentais, já que a propriedade privada é um direito constitucional e uma garantia jurídica básica consignada em múltiplos acordos internacionais assinados pela Nicarágua", diz em mensagem enviada à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

"É uma ação gravíssima contra os 222 presos políticos, que se soma à que já havia sido movida contra outras 94 pessoas de outra lista, inclusive minha esposa Berta Valle", acrescentou.

Na sexta-feira (9), a Sala Criminal 1 do Tribunal de Apelações, com sede em Manágua, anunciou a "imobilização e confisco" de "todos os bens imóveis" e o confisco de "todas as ações ou sociedades comerciais" dos 222 opositores políticos deportados para os EUA em 9 de fevereiro de 2023.

Eles foram condenados como "traidores da pátria", exilados e destituídos da nacionalidade.

Segundo Maradiaga, esta última sentença se une "à lista de humilhações que a ditadura cometeu contra este grupo de nicaraguenses, que também sofreram prisão, tortura, campanhas públicas de difamação, separação familiar e violação de seus direitos constitucionais".

Ele considerou que "este roubo causa danos irreparáveis ​​a todo o ordenamento jurídico nicaraguense em matéria de propriedade privada".

"Com a família Ortega Murillo no poder, ninguém na Nicarágua está seguro. Não há nicaraguense que sinta que sua vida, liberdade, bens pessoais, integridade física ou mesmo seu direito à própria religião estão protegidos. Essa ditadura é uma besta sem limites que devora tudo", criticou. Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma trinta anos no poder, é presidente da Nicarágua. Sua mulher, Rosario Murillo, é vice-presidente.

O também presidente da Fundação Libertad lembrou que alguns dos deportados, inclusive ele, já haviam sofrido o confisco de dinheiro de suas contas bancárias e de seus bens em 2018.

"Esta indignação com este novo roubo de propriedade privada é o terceiro confisco que minha família experimentou em primeira mão", disse ele.

Sobre o perfil das 222 pessoas afetadas, disse que "a grande maioria são trabalhadores, jovens, trabalhadores do campo, e apenas um pequeno grupo são empresários".

Para o ativista, o governo "tentará vender a falsa narrativa da luta de classes, desenhada por esses regimes totalitários para envenenar os corações dos cidadãos com ressentimentos entre nós".

"A verdade é que o abuso contra uma pessoa, seja ela quem for, é um abuso contra todos. Não só estamos sendo confiscados. A liberdade de todo o povo nicaraguense está confiscada", disse.

"Esta ação perversa da ditadura deve ser entendida como um apelo à unidade inequívoca de todos os nicaraguenses", disse o político.

Finalmente, disse que os nicaraguenses "de boa vontade, que são a maioria, não podem deixar de lutar de forma cidadã para salvar a nação daqueles que a sequestraram".

"Quando nós, nicaraguenses, tivermos eliminado completamente qualquer vestígio de totalitarismo na Nicarágua, nosso compromisso é garantir que aqueles cujos bens foram roubados os recuperem. Além disso, quem ousar se beneficiar do furtado saiba que também arcará com as consequências dos prejuízos causados ​​aos legítimos donos", concluiu.

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