17 de dezembro de 2024 Doar
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Grupo de jesuítas quer deixar ordem por causa da expulsão do padre Rupnik, acusado de abusos

Padre Marko Rupnik | EWTN

O Centro Aletti de arte sacra em Roma informou que um grupo de padres jesuítas deixaria a ordem em solidariedade ao padre Marko Rupnik, fundador do centro, expulso da Companhia de Jesus por ter abusado de religiosas de uma comunidade que fundou na Eslovênia, seu país de origem, nos anos 1980.

Rupnik é o artista responsável pelos mosaicos que cobrirão as fachadas da basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida (SP).

Ele é também o autor de Segundo o Espírito: Teologia Espiritual em Movimento na Igreja de Francisco (em tradução livre), um dos 11 volumes da coleção Teologia de Francisco, editada pela Santa Sé.

Em comunicado oficial, assinado pelo seu superior e conselheiro-geral da Companhia de Jesus, padre Johan Verschueren, e divulgado pela Companhia de Jesus na quinta-feira (15), foi decretada a expulsão do padre Rupnik, por não ter respeitado as restrições impostas por seu superior e que se recusou a responder às acusações feitas contra ele de abusos sexuais.

Dois dias depois, o Centro Aletti publicou uma carta em defesa do padre Rupnik em italiano, inglês, francês, espanhol, esloveno e polonês.

O texto diz que "inexplicavelmente, o D.I.R. (Casas e Obras Interprovinciais da Companhia de Jesus) omite divulgar que foi diretamente o padre Marko Rupnik, já no dia 21 de janeiro deste ano, que apresentou à Companhia de Jesus, observando todas as condições canônicas exigidas, um pedido para poder deixar a Ordem".

A carta diz que isso ocorreu porque "a confiança em seus superiores havia cessado completamente, uma vez que eles, infelizmente, deram repetidas provas de favorecer uma campanha de mídia baseada em acusações difamatórias e não comprovadas (que expuseram a formas de linchamento a pessoa do padre Rupnik e todo o Centro Aletti), ao invés de fornecer à imprensa informações corretas baseadas em fatos e documentos, em seu poder, que demonstram uma verdade diferente da que foi publicada".

A carta do Centro Aletti diz que "a nota de imprensa do D.I.R. não informa que, pelos mesmos motivos de desconfiança em relação aos superiores, os demais jesuítas do Centro Aletti também pediram indulto para sair da Companhia e aguardam a conclusão do respectivo processo, para continuarem o exercício do seu ministério sacerdotal".

Neste contexto, "centrado no pedido prévio e inderrogável de saída do padre Rupnik da Ordem, parece ser evidente a ilogicidade da nova missio com mudança de destino que lhe foi pedida em 9 de março, exceto se não fosse com uma finalidade puramente instrumental de pré-estabelecer (como de fato ocorreu) o requisito prévio de uma desobediência sobre a qual depois fundamentar o Decreto da demissão", diz a carta.

"É presumível, portanto, que o padre Rupnik se manterá firme em seu desejo já expresso de sair da Ordem e que continue vivendo este momento em discernimento e comunhão eclesial", acrescenta.

O caso Rupnik

O padre Marko Rupnik é cofundador da Comunidade Loyola na Eslovênia, que surgiu na década de 1980, onde supostamente abusou de religiosas adultas.

Após uma investigação preliminar confiada à Companhia de Jesus, a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) "considerou que os fatos em questão prescreveram, por isso arquivou o processo no início de outubro" de 2022, diz um comunicado dos jesuítas de 2 de dezembro.

O superior-geral da Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa, disse em 14 de dezembro que Rupnik havia sido excomungado em maio de 2020 por ter atendido a confissão de uma das religiosas com quem manteve relações sexuais. Ao absolver sua cúmplice, o padre incorreu na excomunhão automática. A pena foi suspensa no mesmo mês.

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