Cidade do México, Jul 4, 2023 / 13:54 pm
O padre Mario Ángel Flores Ramos, diretor do Observatório Nacional da Conferência do Episcopado Mexicano (CEM), denunciou que o narcotráfico "tomou o controle de várias zonas, inclusive dos Estados do país".
O padre, que foi reitor da Universidade Pontifícia do México (UPM) de 2012 a 2021, falou sobre o que acontece na cidade de Apatzingán, no Estado mexicano de Michoacán.
O padre Flores Ramos disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que quando um desconhecido chega a Apatzingán, "ele é imediatamente escoltado, não discretamente, mas abertamente, por jovens em motocicletas que o seguem aonde quer que ele vá e, se não houver nenhum problema maior, eles o deixam ir, mas se eles suspeitarem de algo, você não sabe o que pode acontecer".
O padre lamentou que as autoridades civis não controlem a atividade do crime organizado: "Se não há uma situação de violência, não agem. Não estão inibindo o fenômeno, e então isso é muito grave".
No estado de Michoacán, grupos criminosos como o Cartel Jalisco Nueva Generación, a Família Michoacana, os Cavaleiros Templários e Los Viagras lutam pelos territórios.
Diferentes grupos dividiram outros estados do país. Entre eles estão o Cartel de Sinaloa, os Zetas e o Cartel do Golfo.
O México vive o período mais violento de sua história moderna, e os números de homicídios do atual mandato de seis anos do presidente Andrés Manuel López Obrador superaram os de seus antecessores, totalizando mais de 156.136 até o final de maio de 2023.
López Obrador reconheceu o recorde histórico em sua coletiva de imprensa matinal em 1º de junho, mas o atribuiu a "uma má herança de segurança" de governos anteriores.
Segundo o Registro Nacional de Pessoas Desaparecidas e Deslocadas do Ministério do Interior, de 1º de janeiro de 1962 a 2 de julho de 2023, no México, há 111.175 pessoas nessa condição.
Segundo dados oficiais, de 1º de janeiro a 30 de junho de 2023, são 13.385 homicídios em todo o país.
Em 29 de junho, no povoado de Felipe Carrillo Puerto, conhecido como La Ruana, o ex-líder da autodefesa de Michoacán, Hipólito Mora foi morto. O veículo blindado que usava foi baleado e depois incendiado pelos assassinos, que provavelmente são da organização criminosa Los Viagras.
Preocupação com a proliferação de drogas
O padre Flores Ramos também disse à ACI Prensa que está preocupado com a facilidade com que as pessoas, especialmente as mais pobres, podem ter acesso às drogas.
"Algumas drogas são muito baratas, você pode comprar doses de até 50 pesos [cerca de 6 centavos de dólar]. Existe uma rede de provedores para consumidores em todos os lugares. É uma disseminação muito preocupante da droga", disse.
No caso das famílias com mais dinheiro, disse, "elas tendem a dar tudo aos filhos e não se preocupam com eles, e às vezes os jovens ficam muito expostos a isso porque têm os chamados dealers, que entregam drogas em domicílio ou dizem onde estará o ponto".
"Geralmente, quando os jovens chegam ao ensino médio, eles se tornam demandantes e esse é o problema de os pais não serem uma autoridade quando eles mais precisam deles".
"Não se trata de impedir seu desenvolvimento, mas de estar próximo a eles", disse o padre.
Para o diretor do Observatório Nacional da CEM, no país "devemos procurar formas de como resgatar quem está nas garras da toxicodependência e como evitar que outros caiam nessa".
Para o padre, é preciso "exigir que o Governo controle as quadrilhas que se dedicam ao terrível e mortífero negócio do narcotráfico".
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