22 de dezembro de 2024 Doar
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Padre é preso ao sair da missa na Nicarágua

Padre Fernando Zamora | Félix Maradiaga

O chanceler da diocese de Siuna, Nicarágua, padre Fernando Zamora Silva, foi "preso arbitrariamente na cidade de Manágua", ao sair da missa, disse no domingo (9) o presidente da Fundação para a Liberdade da Nicarágua e ex-candidato presidencial, Félix Maradiaga.

A prisão aconteceu perto da paróquia de São Luis Gonzaga, quando o padre saía "de uma missa da qual havia participado como convidado em uma celebração religiosa presidida pelo cardeal Leopoldo Brenes. Até o momento, não há denúncias ou acusações concretas contra o padre", disse o ex-preso político em nota enviada dos EUA.

"Infelizmente, esta prisão arbitrária faz parte da perseguição que a ditadura de Ortega está realizando contra a Igreja Católica. Outros quatro sacerdotes, incluindo dom Rolando Álvarez, bispo da diocese de Matagalpa, também estão detidos arbitrariamente", denunciou o ativista de direitos humanos referindo-se ao presidente Daniel Ortega ex-líder guerrilheiro de esqueda que soma 30 anos no poder no país.

Nos últimos dias, soube-se que o bispo Álvarez tinha sido libertado da prisão de tortura conhecida como "La Modelo", embora ainda se encontrasse sob custódia policial. Mas, as negociações para que ele deixasse o país falharam e o bispo foi enviado de volta para a prisão.

Depois de solicitar que os meios de comunicação nacionais e internacionais informem sobre a detenção do padre Zamora, Maradiaga exortou "a comunidade internacional a atender a esta grave situação de perseguição contra a Igreja Católica na Nicarágua".

Governo impede retorno de outro padre

Martha Patricia Molina, pesquisadora e autora do relatório "Nicarágua, uma Igreja perseguida?", disse que o governo de Ortega impede o retorno ao país do padre Juan Carlos Sánchez, vigário da paróquia São Francisco de Assis, em Manágua.

"Tenho informações de que a ditadura sandinista proibiu a entrada no país do padre Juan Carlos, vigário da paróquia São Francisco localizada em Bolonia, Manágua", denunciou Molina em sua conta no Twitter em 8 de julho.

A decisão da Direção de Migração e Estrangeiros é mais uma das formas de concretização da perseguição do governo contra a Igreja Católica: negando o regresso de membros do clero ou expulsando-os do país.

Cinco anos do massacre de Carazo

Em 8 de julho de 2018, por volta das 5h (hora local), as forças da ditadura e os paramilitares de Ortega invadiram a cidade de Carazo contra a população civil com armas de alto calibre, no âmbito da "Operação Limpeza", batizada pelos moradores locais como a "caravana da morte" devido ao número de caminhões em que chegaram.

No final do dia, pelo menos 35 pessoas foram mortas nas barricadas que foram montadas para se defender do avanço dos paramilitares.

"Lembramos com dor e tristeza os terríveis acontecimentos ocorridos há cinco anos em Carazo, Nicarágua. Foi um dia sombrio em que as forças policiais, paramilitares e membros do Exército do ditador Daniel Ortega realizaram um ataque brutal contra a cidadania", escreveu Félix Maradiaga em nota enviada à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

Este ataque da ditadura "deixou um número significativo de jovens assassinados no exercício de seu legítimo direito de se opor a um regime que já vinha assassinando a sangue frio, sequestrando manifestantes, violando os princípios democráticos e saqueando nossos recursos naturais", continuou.

Após reiterar seu pedido de justiça, Maradiaga lamentou: "A Nicarágua é hoje uma imensa prisão por causa da política de terrorismo de Estado implementada pela ditadura de Ortega, com a cumplicidade ativa do exército e da polícia".

"Afirmamos que essas graves violações dos direitos humanos não permitem uma prescrição no tempo. Os crimes contra a humanidade também não admitem anistias de qualquer tipo", disse.

"Devemos deixar claro que, para que a Nicarágua tenha futuro, deve haver justiça e memória. Chega de impunidade", concluiu.

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