18 de dezembro de 2024 Doar
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Enviado do papa encontra Biden para discutir guerra na Ucrânia

Cardeal Matteo Zuppi no consistório de 27 de agosto de 2022 no Vaticano. - Foto: Franco Origlia | Getty Images

O cardeal Matteo Zuppi, encarregado pelo papa Francisco de uma missão paz para a Ucrânia está em Washington, D.C., nesta semana, anunciou a Santa Sé.

 

Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, terá um encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden, informou a Casa Branca.

Zuppi não faz parte do serviço diplomático da Santa Sé, mas integra a Comunidade Sant'Eggidio, organização católica leiga de assistência social fundada por Andrea Ricciardi em 1968. A organização, que participou de negociações de paz em muitos países, incluindo Moçambique, Sudão do Sul, Congo, Burundi e República Centro-Africana, tem grande prestígio junto ao papa Francisco.

A visita do cardeal acontece após a administração Biden anunciar o envio de mais US$ 800 milhões em armas para ajudar a contraofensiva ucraniana. O novo pacote de armas inclui as "bombas de fragmentação", banidas pela maior parte dos países.

As bombas de fragmentação, "cluster bombs", ou "cachos de bomba" em inglês", são um grande cartucho metálico com até 2 mil bombas mais ou menos do tamanho de granadas de mão que se espalham e explodem. O tipo mais comum visa matar pessoas e destruir veículos de transporte de tropas.

Elas representam uma ameaça especialmente grave para os civis, uma vez que atingem áreas indiscriminadamente grandes e muitas vezes não explodem até muito tempo após o impacto.

Cento e vinte e três países, entre os quais a Santa Sé, assinaram a convenção sobre bombas de fragmentação de 2008, que proíbe o uso, transferência, produção e armazenamento de munições. Os EUA, a Rússia e a Ucrânia não são signatários da convenção.

 

Zuppi, que já foi à Rússia e à Ucrânia, está na capital dos EUA de 17 a 19 de julho e será acompanhado por um oficial do secretariado de Estado da Santa Sé, o serviço diplomático regular da Santa Sé.

 

"A visita decorrerá no âmbito da missão de promoção da paz na Ucrânia e visa a troca de ideias e pontos de vista sobre a trágica situação atual e apoiar iniciativas humanitárias para aliviar o sofrimento das pessoas mais afetadas e fragilizadas, especialmente as crianças", diz o comunicado da Santa Sé anunciando a visita de Zuppi.

 

A Casa Branca publicou ontem (17) um comunicado anunciando as questões a serem tratadas no encontro entre Zuppi e Biden.

 

"O cardeal Zuppi está viajando para Washington a pedido do papa Francisco. O presidente Biden e o cardeal Zuppi irão discutir o sofrimento generalizado causado pela guerra brutal da Rússia na Ucrânia. Eles também discutirão os esforços dos Estados Unidos e da Santa Sé para fornecer ajuda humanitária aos afetados e o foco da Sé Papal em repatriar crianças ucranianas deportadas à força por autoridades russas", diz o comunicado da secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.

 

A Santa Sé não revelou com quem Zuppi irá se encontrar durante sua visita de três dias.

 

Os EUA têm sido o mais importante fornecedor de armas à Ucrânia desde que o país foi invadido pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022. Até o momento, os EUA enviaram US$ 41,3 bilhões em ajuda militar ao país do leste europeu, segundo o departamento de defesa dos EUA.

 

O último pacote de apoio foi criticado pela Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês), e de conferências episcopais de outros países, por incluir bombas de fragmentação.

Em uma declaração após o anúncio do governo Biden, o bispo David Malloy, chefe do comitê internacional de Justiça e Paz da USCCB, disse que a USCCB há muito tempo defende a adesão do governo dos EUA à convenção.

"O papa Francisco abordou as convenções sobre minas antipessoal e bombas de fragmentação, exortando todos os países a se comprometerem com essas convenções para que não haja mais vítimas de minas", escreveu Malloy. "Embora reconheçamos o direito de autodefesa da Ucrânia, devemos continuar a rezar pelo diálogo e pela paz."

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