22 de dezembro de 2024 Doar
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Promotor do Vaticano pede sete anos e três meses de prisão para o cardeal Becciu

Cardeal Ângelo Becciu | Daniel Ibáñez (ACI Prensa

O promotor de justiça do Vaticano, Alessandro Diddi, pediu sete anos e três meses de prisão para o cardeal italiano Angelo Becciu, em julgamento desde 2021 acusado de corrupção.

Esta é a primeira vez na história que a Promotoria do Vaticano pede a prisão de um cardeal. Espera-se que a sentença final deste longo processo seja conhecida antes de dezembro próximo.

Para os dez acusados em relação à gestão de fundos da Secretaria de Estado, Diddi pediu hoje (26) um total de 73 anos e um mês de prisão, além de várias penas de inabilitação e multas.

O cardeal Becciu foi acusado de peculato agravado e abuso de poder durante os seus anos como substituto de Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, cargo que assumiu em 2011.

Alessandro Diddi acusa o cardeal de ter apresentado "documentos falsos" que atrapalharam as investigações.

O processo judicial

O processo judicial, de grande complexidade pela dimensão do caso elaborado pelos promotores durante meses e pelas múltiplas ramificações do caso, tem como elemento principal a compra de um edifício em Londres, Reino Unido, pela Santa Sé em 2014, para a sua transformação em apartamentos de luxo com um investimento total de 350 milhões de euros.

A compra foi feita, porém a propriedade não pôde ser reformada porque não atendia aos requisitos da lei urbanística de Londres e as licenças não foram obtidas.

O fracasso da operação significou prejuízos aos cofres vaticanos entre 130 e 180 milhões de euros. Desses, 55 milhões são atribuíveis apenas ao investimento no edifício de Londres.

O cardeal Becciu, então substituto dos Assuntos Gerais da Secretaria de Estado da Santa Sé, é acusado de ter usado seu cargo para obter 300 milhões de euros em empréstimos do Instituto de Obras de Religião (IOR) e um fundo suíço de reputação duvidosa para financiar a operação imobiliária.

O cardeal Becciu é acusado de desviar dinheiro da Santa Sé para uma instituição de caridade administrada por seu irmão e de pagar a outra acusada no julgamento, Cecilia Marogna, para criar dossiês com informações incriminatórias sobre funcionários da Santa Sé.

É o maior julgamento de crimes financeiros da Santa Sé na era moderna, com dez réus e uma longa lista de acusações, incluindo peculato, lavagem de dinheiro, abuso de poder, apropriação indébita e fraude.

Os atores importantes no acordo de Londres foram os réus Raffaele Mincione e Gianluigi Torzi, que intermediaram a compra, com a ajuda do gerente de investimentos do Vaticano, Enrico Crasso.

O papa Francisco interveio de várias maneiras durante a investigação e o julgamento, seja para expressar esperança em um resultado desejado ou para mudar as normas processuais.

Ele interveio exigindo que o cardeal Becciu renunciasse ao cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e dos direitos concedidos aos membros do Colégio Cardinalício em 24 de setembro de 2020, depois que surgiram relatórios que acusavam o cardeal Becciu de irregularidades financeiras.

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