21 de novembro de 2024 Doar
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Dom Rolando Álvarez, mesmo na prisão, não vai se calar, diz bispo

Dom Rolando Álvarez | Diócesis Media- TV Merced

Dom José Antonio Canales, bispo de Danlí, Honduras, disse que dom Rolando Álvarez, condenado a 26 anos e quatro meses de prisão por "traição á pátria" na Nicarágua, "não vai se calar", mesmo estando na prisão.

Dom Canales, cuja diocese fica a 35 minutos da Nicarágua e que em diversas ocasiões se pronunciou a favor da liberdade de dom Álvarez, concedeu uma entrevista ao jornal nicaraguense Confidencial Digital, na qual falou sobre a situação atual do bispo de Matagalpa .

"Ele não vai se calar. Ele não é homem de ficar calado. A situação é bastante complexa porque ele quer ser livre, mas na Nicarágua; voltar para o seu rebanho. Dom Álvarez está convencido de que o Senhor o tem como pastor da diocese de Matagalpa e ele não vai renunciar a ser pastor, porque para nós isso é um desígnio de Deus. Assim o entendemos", disse o bispo de Danlí. "Ele sente que deve voltar ao seu rebanho. E neste sentido não é negociável que ele volte ao seu rebanho, porque continua sendo bispo de Matagalpa".

Canales disse que a Igreja em seu país está em constante oração e que "na Catedral de Danlí está sempre presente a figura de dom Rolando Álvarez".

"Eu acho que em todo o mundo onde se sabe da situação de dom Rolando Álvarez, estamos colocando sua vida, seu ministério nas mãos do Senhor", continuou.

Recentemente, Álvarez havia saído da prisão "La Modelo" e especulava-se sobre sua saída do país. No entanto, as negociações falharam e ele voltou para a prisão em 5 de julho.

Sobre a sentença imposta ao bispo de Matagalpa, dom Canales disse que "é uma situação muito ridícula". "Estou falando isso como advogado, porque sou um profissional do direito e isso me deixou perplexo".

"Todo mundo sabe que a vingança por ele ter se recusado a ser colocado naquele avião para ir ao exílio foi justamente essa sentença que não tem base legal", acrescentou.

Canales referiu-se assim à decisão de Álvarez de se recusar a integrar o grupo de 222 ex-presos políticos deportados para os EUA em 9 de fevereiro, um dia antes de ser condenado.

O regime sabe que "a figura de dom Rolando Álvarez é muito forte, não só em nível nacional, já que eles mesmos o alavancaram", disse Canales. "Hoje ele é uma figura de resistência internacional", acrescentou.

Sobre a perseguição do governo do presidente Daniel Ortega contra a Igreja Católica na Nicarágua, com a prisão de padres, a expulsão de freiras, o confisco de bens e universidades e o fechamento da Cáritas, instituição que ajudava os mais pobres, o bispo hondurenho recordou que "arrancar a fé das pessoas é algo que historicamente nunca foi possível".

"Pelo contrário, quanto mais as pessoas se sentem atacadas, seus valores espirituais atacados, mais elas aprofundam neles e vão se consolidando. Isso vem acontecendo há 2.000 anos", disse ele.

"Quando há uma Sexta-Feira Santa como esta que vocês estão vivendo hoje, essa Via-Sacra, não esqueçam que haverá Domingo de Ressureição. Essa é a nossa fé", concluiu dom Canales.

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