17 de novembro de 2024 Doar
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Em Lisboa, papa Francisco pede que padres voltem a lançar as redes com esperança

Papa Francisco rezando as vésperas com os bispos, padres, freiras e seminaristas em Lisboa. | Daniel Ibáñez (ACI Prensa

Na homilia das vésperas que rezou hoje (2) acompanhado por bispos, padres, diáconos, consagrados e consagradas, seminaristas de Portugal, o papa Francisco os encorajou a vencer o pessimismo e lançar as redes novamente com esperança.

"Lançar de novo as redes e a abraçar o mundo com a esperança do Evangelho. A isso somos chamados. Não é momento de parar e desistir, de atracar o barco à margem nem de olhar para trás; não devemos escapar deste tempo, só porque nos mete medo, para nos refugiarmos em formas e estilos do passado. Não! Este é o tempo da graça que o Senhor nos concede para nos aventurarmos no mar da evangelização e da missão", exortou o papa Francisco.

Na saudação de abertura do encontro, dom José Ornelas Carvalho, bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, agradeceu ao papa Francisco a sua presença na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, "uma festa da Igreja sempre renovada e jovem", e disse que reza para que os jovens possam sonhar "o sonho de Deus" e "encontrar caminhos de participação alegre, generosa e transformadora, na Igreja e em toda a humanidade".

Depois de expressar que o encontro é um sinal da alegria do Evangelho e do desejo de ser uma "Igreja em saída", dom José Ornelas fez votos de que a Virgem Maria cuide do papa, "dê-lhe saúde e a luz da alegria do Espírito, pelo serviço que lhe foi confiado na Igreja e no mundo".

Na homilia, o papa refletiu sobre o Evangelho de São Lucas, no qual Jesus chama os seus primeiros discípulos, algo que "mudou a vida daqueles pescadores, convidando-os a fazerem-se ao largo e lançarem as redes" embora quisessem guardá-las.

"Cristo está interessado em fazer sentir a proximidade de Deus precisamente nos lugares e situações onde as pessoas vivem, lutam, esperam, às vezes colecionando nas suas mãos fracassos e insucessos, precisamente como aqueles pescadores que não tinham pescado nada durante a noite. Jesus olha com ternura para Simão e seus companheiros que, cansados e angustiados, lavam as suas redes, realizando um gesto repetitivo, automático, mas também cansado e resignado: não havia mais nada a fazer senão voltar para casa de mãos vazias", disse o papa Francisco.

Depois de comentar que é possível que haja cansaço, decepção ou até raiva, "devido às vezes ao nosso mau testemunho e aos escândalos que desfiguraram" o rosto da Igreja, que pede purificação, o papa exortou encorajou a olhar o futuro com esperança com três ações inspiradas no Evangelho:

1. Fazer-se ao largo

"Para lançar novamente as redes ao mar, é preciso sair da margem das desilusões e do imobilismo, afastar-se daquela tristeza melosa e daquele cinismo irônico que nos assaltam à vista das dificuldades. Temos de o fazer para passar do derrotismo à fé, como Simão que, apesar de ter trabalhado em vão toda a noite, conclui: "Porque Tu o dizes, lançarei as redes" (Lc 5, 5)", disse o papa.

Francisco destacou então a importância de rezar muito: "Apenas na adoração, só diante do Senhor, é que encontramos o gosto e a paixão pela evangelização. Vence-se então a tentação de fazer uma 'pastoral nostálgica feita de lamentações' e tem-se a coragem de navegar ao fundo, sem ideologias e sem mundanismo, animados por um único desejo: que o Evangelho chegue a todos", disse.

Para o papa, "também nós somos chamados a mergulhar as nossas redes no tempo em que vivemos, a dialogar com todos, a tornar compreensível o Evangelho, mesmo que para isso tenhamos de correr o risco dalguma tempestade.".

"Como os jovens que aqui vêm de todo o mundo para desafiar as ondas gigantes da Nazaré, façamo-nos ao largo também nós sem medo. Sim! Não temamos enfrentar o mar aberto, o alto mar, porque no meio da tempestade e dos ventos contrários, Jesus vem ao nosso encontro e diz: 'Coragem, sou Eu, não temais!'", continuou ele.

2. Levar juntos por diante a pastoral

"A Igreja é sinodal, é comunhão, ajuda mútua, caminho comum. E a isto tende o Sínodo em curso, que terá o seu primeiro período de assembleia geral no próximo mês de outubro. Na barca da Igreja, deve haver lugar para todos: todos os batizados são chamados a subir nela e lançar as redes, empenhando-se pessoalmente no anúncio do Evangelho".

"É um grande desafio, especialmente em contextos onde os sacerdotes e os consagrados estão cansados porque, enquanto as necessidades pastorais vão aumentando sempre mais, eles são cada vez menos. Mas podemos olhar para esta situação como uma ocasião para, com fraterno entusiasmo e sã criatividade pastoral, envolver os leigos", disse.

Para tornar mais claro, o papa Francisco disse: "nunca um Bispo sem o próprio presbitério e o Povo de Deus; nunca um padre sem os seus irmãos sacerdotes; e todos juntos – sacerdotes, religiosas, religiosos e fiéis leigos – como Igreja, nunca sem os outros, sem o mundo. Sem mundanismo, mas não sem o mundo. Sem o espírito do mundo, mas não sem o mundo".

3. Tornar-se pescadores de homens

O papa Francisco também disse neste terceiro ponto que "pescar as pessoas e tirá-las para fora da água significa ajudá-las a voltar a subir de onde afundaram, salvá-las do mal que ameaça afogá-las, ressuscitá-las de todas as formas de morte. Com efeito, o Evangelho é um anúncio de vida no mar da morte, de liberdade nas voragens da escravidão, de luz no abismo das trevas".

Por isso, "a nós, como Igreja, cabe a tarefa de nos fazermos ao largo nas águas deste mar, lançando a rede do Evangelho, sem acusar ninguém, sem apontar o dedo, mas levando às pessoas do nosso tempo uma proposta de vida nova, que é a de Jesus: levar o acolhimento do Evangelho a uma sociedade multicultural; convidá-las à festa. Levar a proximidade do Pai às situações de precariedade e pobreza, que crescem sobretudo entre os jovens; levar o amor de Cristo onde é frágil a família e se encontram feridas as relações; transmitir a alegria do Espírito onde reinam o desânimo e o fatalismo".

Depois de agradecer a todos pelo serviço prestado, o papa Francisco confiou todos "Nossa Senhora de Fátima, à guarda do Anjo de Portugal e à proteção dos vossos grandes Santos e, aqui em Lisboa, de modo especial a Santo Antônio, apóstolo incansável, Santo Antônio de Pádua, pregador inspirado, discípulo do Evangelho atento aos males da sociedade e cheio de compaixão pelos pobres. Que ele interceda por vós e vos dê a alegria duma nova pesca milagrosa".

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