WASHINGTON DC, Aug 17, 2023 / 12:41 pm
Violência e destruição tomaram conta de Jaranwala, Paquistão, ontem (16), por causa da acusação de que dois cristãos locais fizeram pouco do Alcorão, livro sagrado para os muçulmanos, o que é considerado blasfêmia no Paquistão e pode ser punido com prisão perpétua.
Pelo menos 15 igrejas foram profanadas, centenas de cristãos tiveram suas casas destruídas, e cerca de 2 mil cristãos foram forçados a fugir por causa dos ataques, segundo um comunicado de Maria Lozano, chefe de imprensa da Ajuda à Igreja que Sofre (ACN Internacional) publicado ontem (16).
Os ataques em Jaranwala aparentemente foram encorajados por uma mensagem de líderes islâmicos transmitida em alto-falantes de mesquitas, segundo o grupo de direitos religiosos Christian Solidarity Worldwide (CSW).
Lozana disse à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, que testemunhas relataram "mensagens transmitidas em auto-falantes de mesquitas encorajaram locais a 'saírem e matarem' cristãos". Ela disse que os ataques causaram um "êxodo em massa".
Entre as igrejas que foram saqueadas e incendiadas estava a igreja católica de são Paulo, segundo a rede de notícias Al Jazeera.
O padre Abid Tanveer, vigário-geral da diocese católica de Faisalabad e testemunha ocular dos ataques, disse à ACN Internacional que "os cristãos estão muito assustados" e que "muitas pessoas perderam seus pertences, tudo. Eles não sabem o que fazer ou para onde ir".
"A chegada dos bombeiros e da polícia não dissuadiu os agressores, que continuaram a destruir propriedades, jogar móveis nas ruas e incendiar igrejas e casas, enquanto gritavam pelo assassinato dos supostos blasfemos", acrescenta Lozano.
"Apesar da destruição generalizada e do choque causado pelo incidente", Lozano disse que "atualmente não há indícios de vítimas entre os membros da comunidade cristã, que "parecem ter conseguido fugir do local porque foram avisados com antecedência".
Ao documentar a destruição de ontem (16), um líder da Igreja Protestante do Paquistão, o bispo Azad Marshall, descreveu a comunidade cristã em Jaranwala como "profundamente triste e angustiada".
"Uma igreja está sendo queimada enquanto digito esta mensagem", escreveu Marshall. "As Bíblias foram profanadas e os cristãos foram torturados e assediados por terem sido falsamente acusados de violar o Alcorão sagrado."
Leis de blasfêmia atiçam as chamas do ódio anticristão
Os ataques em Jaranwala ocorreram após a aprovação de novas leis de blasfêmia no Paquistão.
As atuais leis de blasfêmia do Paquistão determinam prisão perpétua por profanar ou insultar o Alcorão, e a punição por profanar o nome de Maomé ou de outros profetas muçulmanos é a morte.
A Lei de Leis Criminais de 2023, aprovada por ambas as casas do parlamento paquistanês, mas ainda não sancionada, aumentaria ainda mais a punição por insultar qualquer esposa, membro da família ou companheiro de Muhammad à prisão perpétua.
Kiri Kankhwende, representante da CSW, disse à CNA que provavelmente "esses ataques não têm ligação com a aprovação das novas emendas à lei de blasfêmia, que ainda não recebeu aprovação presidencial" e ainda não está em vigor.
No entanto, Kankhwende disse que "já vimos esse padrão antes" e que "este pode ser um caso de leis de blasfêmia sendo usadas para acertar contas pessoais".
Cristãos acusados de violar leis de blasfêmia
Segundo a CSW, em meio aos ataques em Jaranwala, a polícia apresentou denúncias contra dois cristãos por supostamente violarem as leis de blasfêmia do Paquistão.
A CSW também disse que "os residentes locais expressaram sua crença" de que "se a polícia tivesse agido a tempo, a situação não teria piorado".
"Desde então, o governo convocou contingentes policiais adicionais de outras cidades e convocou os Rangers, policiais federais do Paquistão, para subjugar a multidão", disse a CSW. "Os pontos de entrada e saída da cidade foram selados, enquanto as instituições cristãs e igrejas nas cidades vizinhas foram fechadas na tentativa de evitar novos ataques".
As várias leis anti-blasfêmia do Paquistão receberam condenação internacional e foram criticadas por aumentar a perseguição e visar cristãos e outras comunidades minoritárias, incluindo muçulmanos xiitas.
"Embora metade das vítimas sejam muçulmanas, as leis de blasfêmia vitimam desproporcionalmente as minorias religiosas, e estudos repetidos mostraram que elas são usadas como meio de intimidação ou acerto de contas em disputas privadas", disse Paul Marshall, chefe da Equipe de Ação do Sul e Sudeste Asiático do Instituto de Liberdade Religiosa, à CNA após a aprovação das novas leis de blasfêmia.
"O aumento proposto em tais leis irá aumentar o clima de medo religioso que já domina as minorias", explicou Marshall.
A última lei anti-blasfêmia aprovada pelo parlamento paquistanês se aplicaria a qualquer pessoa que direta ou indiretamente "contaminar o nome sagrado" de qualquer esposa, membro da família ou companheiro de Maomé por meio de palavras escritas, faladas, representação visível, imputação, insinuação ou insinuação.
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